SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bairro do Leblon e as paisagens cariocas estarão de volta às telinhas a partir da próxima segunda-feira (7), com a chegada de “Laços de Família” ao Vale a Pena Ver de Novo, da Globo. Para o ator Tony Ramos, 72, trazendo uma história ainda atual, apesar de ter ido ao ar pela primeira vez há 20 anos.
“Quando você analisa uma obra como a do Maneco [Manoel Carlos], está observando o olhar do autor sobre o cotidiano, muito particularmente. Se refizer a história hoje, ela é presente”, afirmou o ator em conversa online com a imprensa. “Ele é um grande autor, um literato, muito culto, mas que nunca teve um olhar blasé para a novela”.
Exibida pela primeira vez entre os anos 2000 e 2001, a novela é considerada por muitos a melhor de Manoel Carlos, 87 -Maneco, para os íntimos- e também um dos maiores folhetins da teledramaturgia brasileira. Agora, ela volta ao ar substituindo a atual reprise da tarde, “Êta Mundo Bom” (2016).
Tony Ramos dá vida ao viúvo Miguel, um homem culto e charmoso, dedicado aos filhos: Ciça (Júlia Feldens) e Paulo (Flávio Silvino), com destaque para o tratamento do filho, que tem sequelas neurológicas resultantes de um acidente de carro. No decorrer da história, ele ainda se envolve com Helena (Vera Fischer).
Para o ator, a novela em geral faz parte da identidade do brasileiro, mas Manoel Carlos tem um diferencial em suas obras: “Há uma identificação, [uma necessidade] de entender esse cotidiano, e cada autor tem seu jeito de fazer isso. O que o Maneco tem é esse olhar pela janela mais longo, mais profundo. É um texto que faz muito bem aos ouvidos”.
Ana Carbatti, 50, que interpreta a médica Aline, concorda e destaca que Manoel Carlos tem a capacidade de escolher as frases certas. “Quando você lê um texto dele percebe que as palavras não estão ali jogadas, à toa. Ele consegue de maneira simples se comunicar com as pessoas de todos os níveis sociais. É um talento, não é para qualquer um”.
Já o público que as novelas atraem tem um comportamento bastante particular, segundo Tony Ramos. Para ele, espectador desse tipo de entretenimento é “aquele desarmado”. “Ele [o espectador] não liga a televisão e diz ‘vamos ver o que tem de bom hoje’, mas sim ‘o que será que fulano vai aprontar?'”, afirma.O artista diz ainda que saber que a história contada na novela de fato aconteceu com alguém dá ao ator a real dimensão do que a novela representa para grande parte do público. Para ele, é como se não existisse mais a “divisória que separa a ficção da realidade.”
NA CASA DAS PESSOAS
Giovanna Antonelli, 44, que interpretou um dos personagens marcantes de “Laços de Família”, a garota de programa Capitu, afirma que estar no elenco da novela de Manoel Carlos foi um “divisor de águas” em sua carreira. Ela destaca a forma humanizada como o autor construiu os personagens, “fugindo da superficialidade”.
“Acredito que a história da Capitu é real, existe. Ela era batalhadora, cuidava dos pais, boa mãe, uma mulher apaixonada e apaixonante. Há uma justificativa para estarmos na casa das pessoas todos os dias”, avalia a atriz.
Capitu se envolve com o filho mais velho de Helena, Fred (Luigi Baricelli), com quem viveu um romance na adolescência. Eles voltam a se apaixonar na fase adulta, quando ele já está casado com Clara, interpretada por Regiane Alves, que também não poupa elogios ao autor. “Parece que ele está dentro de casa olhando pelo buraquinho da porta”, afirma.
Para Baricelli, a trama se destaca pela intensidade de sentimentos, ou seja, por sua carga emocional. “Nós não atuávamos, nós existíamos”, brinca. “Muitas vezes ficamos no passado, no futuro e perdemos aquele momento da vida. Todos tiveram destaque, era um time querendo fazer aquilo acontecer, existindo naquele momento, no presente. É mais do que uma novela, era uma lição de vida.”