No Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, especialistas reforçam a importância de quebrar tabus, reconhecer sinais de alerta e promover uma cultura de acolhimento durante todo o ano
Nesta quarta-feira, 10 de setembro, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, uma data que reforça a importância de falar sobre saúde mental e fortalecer a campanha Setembro Amarelo. A iniciativa surgiu para conscientizar a sociedade sobre os riscos do suicídio e incentivar a busca por ajuda, mas o alerta não deve se limitar a apenas um mês: é necessário estar atento durante todo o ano.
O psicólogo e especialista em saúde mental Alexander Bez, reforça que a prevenção começa pela observação atenta de sinais que muitas vezes passam despercebidos. “Mudanças bruscas de comportamento, isolamento social, falas que demonstram desesperança ou desinteresse pela vida são alertas importantes. É essencial que familiares e amigos estejam atentos, pois a escuta acolhedora e o encaminhamento para ajuda profissional podem salvar vidas”, destaca.
Entre as condições que mais aumentam a vulnerabilidade, a depressão é uma das mais preocupantes. “A depressão é e sempre será uma condição séria que deve ser tratada e observada constantemente. Diferentemente de outros transtornos psicológicos, quando não tratada corretamente, ela pode aumentar significativamente o risco de fatalidade”, explica o especialista.
Para Bez, o estigma em torno das doenças mentais ainda é uma barreira que impede muitas pessoas de buscarem auxílio. “É fundamental desconstruir a ideia de que pedir ajuda é sinal de fraqueza. Pelo contrário: reconhecer a necessidade de apoio é um ato de coragem e um passo fundamental para a recuperação”, afirma.
Além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, a rede de apoio formada por familiares, amigos e cuidadores tem papel essencial no processo de prevenção. “Quando alguém encontra acolhimento, compreensão e paciência em seu entorno, a chance de enfrentar a dor com mais equilíbrio é muito maior. Prevenir o suicídio é, acima de tudo, um esforço coletivo que envolve empatia e humanidade”, conclui o psicólogo.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) desempenha um papel fundamental na prevenção do suicídio. A instituição realiza apoio emocional de forma voluntária e gratuita, sempre com total sigilo, oferecendo escuta acolhedora a todas as pessoas que precisam conversar. O atendimento é realizado por telefone, e-mail, chat ou VoIP, funcionando 24 horas por dia, todos os dias da semana. Em parceria com o SUS, o CVV pode ser contatado pelo número 188, com ligação gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
O Setembro Amarelo é, acima de tudo, um convite à escuta e à empatia. Falar sobre o suicídio de forma responsável, oferecer apoio emocional e incentivar o cuidado profissional são atitudes que podem transformar realidades e salvar vidas. Mais do que isso, é essencial compreender a importância de cuidar da saúde mental como um todo, cultivando hábitos de prevenção e bem-estar ao longo da vida. Quanto mais a sociedade se engajar nessa causa, maior será a chance de construir um futuro com menos silêncio e mais acolhimento.