O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defende a manutenção do veto do presidente Jair Bolsonaro e garantiu que a decisão não vai contra os servidores públicos, mas a favor. “O PL aprovado com esse artigo tinha apenas um objetivo: garantir condições para estados e municípios pagassem salários dos servidores públicos”, explicou. A medida, que foi dada como contrapartida pelo governo federal para liberar o pacote de socorro de R$ 60 bilhões aos estados e municípios, previa que a categoria não tivesse reajuste salarial até o fim de 2021.
De acordo com Maia, essa derrubada não tem consequências conhecidas. “Muitas medidas provisórias podem ser afetadas, porque essa economia prevista faz parte de todo o planejamento. É muito importante ter essa responsabilidade, respeitando as opiniões divergentes. Nós temos uma pauta, junto ao Executivo, com objetivo de reformar e modernizar o Estado. Para isso é preciso responsabilidade. E, no nosso ponto de vista, isso está garantido com a manutenção do veto. O melhor para o Brasil é a manutenção do veto. A modernização do Estado e a competitividade no setor privado é o único caminho para o país sair da crise.”
Em entrevista coletiva, Maia reafirmou que respeita o Senado Federal e que, apesar de ter uma opinião divergente, não é a favor de ataques. “As votações são democráticas. Uma casa vota, a outra revisa. Não nos ajuda o ministro da Economia [Paulo Guedes] atacar o Senado. Pelo contrário, isso atrapalha e pode contaminar nosso processo de votação”, disse. A Câmara dos Deputados vota, na tarde desta quinta (19), a manutenção do veto do presidente Jair Bolsonaro.
“A crise no Brasil deve continuar, sabemos que a renda do brasileiro caiu na ordem de R$ 150 bilhões. O auxílio emergencial colocou na economia R$ 300 bilhões, mas a gente sabe que em algum momento a gente sabe que o fluxo de recursos vai ser reduzido e isso terá impactos até o próximo ano na economia e na vida dos brasileiros. Entendemos que esse veto é muito importante e a sua manutenção sinaliza que queremos atender estados e municípios, mas dentro do equilíbrio fiscal”, explicou o presidente da Câmara.
Segundo Rodrigo Maia, o setor público precisa dar sua contribuição diante da crise da Covid-19. “Já gastamos mais de R$ 500 bi, devemos chegar em R$ 800 bi até o fim do ano. A dívida publica bruta caminha para 95% do PIB. Nesse momento de crise relacionada à Covid-19 precisamos dar uma sinalização clara. A reunião de hoje com líderes do governo e dos partidos é da nossa responsabilidade com o País. Todos os partidos tem trabalhado e votado junto no caminho do equilibro fiscal e respeito do controle de gastos. Se hoje temos uma Selic baixa, devemos ao que o parlamento fez nos últimos dois governos. Estamos trabalhando para que, na tarde de hoje, consigamos manter o veto.”