Uma operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Polícia Civil, cumpre, nesta quinta-feira (27), 32 mandados de prisão preventiva contra um grupo acusado de formar uma milícia em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A quadrilha teria um ex-policial militar como uma das lideranças e, entre os presos nesta manhã, estão dois PMs que recebiam propina para não coibir os crimes. Batizada de Consagrado, a operação também visa cumprir 71 ordens de busca e apreensão. Os mandados foram emitidos pela 1ª Vara Especializada de Crime Organizado e pela Auditoria Militar. Ainda não há um balanço parcial sobre as prisões e apreensões realizadas, e a operação segue em andamento. A ação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ e pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.
O grupo investigado tomou o controle de atividades ilegais na região de Austin, em Nova Iguaçu, por meio de diversos homicídios. Os milicianos passaram a controlar pontos de mototáxi, serviços clandestinos de TV e internet e até mesmo fornecimento de água e cestas básicas. Além de homicídios, o grupo cometia roubos, extorsões, estelionatos e outros crimes com o objetivo de obter vantagens financeiras, incluindo a cobrança de uma “taxa de segurança” da população. O grupo também teria se unido a uma facção do tráfico de drogas para formar o que o MP-RJ e a Polícia Civil chamaram de “narcomilícia”.
Com o pagamento regular de propina a policiais militares lotados no Destacamento Policial Operacional (DPO) de Austin, a milícia conseguia liberdade para atuar sem ser reprimida. Dois policiais militares do DPO foram denunciados por organização criminosa e corrupção passiva. As investigações tiveram início em agosto de 2019, a partir de um duplo homicídio ocorrido em Austin, e uma denúncia sobre o caso já foi entregue à Justiça pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Procurada pela Agência Brasil, a Polícia Militar confirmou que dois PMs estão entre os presos na operação de hoje, que contou com apoio da corregedoria da corporação. A Polícia Militar afirmou que “não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros”.
*Com Agência Brasil