Charles Peçanha, de 55 anos, está internado no Hospital Alberto Torres após levar dois tiros na calçada de casa, no bairro Trindade.
Um policial civil aposentado foi preso depois de balear um homem em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. De acordo com testemunhas, o motivo do crime foi homofobia.
Charles Peçanha, de 55 anos, está internado no Hospital Alberto Torres após levar dois tiros na calçada de casa, no bairro Trindade.
“Ele é um rapaz maravilhoso, a vítima, nós não temos nada a falar dele, e ele estava no portão me chamando, eu o atendi. Estava conversando comigo, me desejando um bom dia. Esse senhor, o agressor, saiu de lá dizendo que não tolerava esse tipo de gente na rua, e o chamou várias vezes de viado, viadinho, isso e aquilo. Aí, ele falou: ‘se você der mais um passo, eu atiro’. Não chegou o rapaz a dar mais um passo. Ele puxou a arma e disparou para cima do rapaz”, afirmou a vizinha Marlene Aguiar.
O atirador é um vizinho que mora duas casas ao lado. Augusto Muniz da Mota, de 73 anos, é policial civil aposentado. Os moradores afirmam que ele tem um histórico de brigas na vizinhança e anda armado para intimidar as pessoas.
“Implica com criança, se as pessoas são espiritas, ele fala da região. Não aceita pessoas negras, de outra religião, ele critica todo mundo. Xingou minha tia, ameaçou uma criança de 8 anos”, disse a vizinha Carla Cristina.
Outro morador já teve problemas com ele.
“Ele jogou a arma na minha cara, eu fiquei quieto, botei a mão aqui assim, me xingou de tudo que é palavrão. Fui humilhado”, disse Gilberto Nunes.
Charles levou um tiro na mão e outro de raspão no pescoço. Ele foi operado e está fora de perigo. O quadro de saúde é estável, segundo os médicos.
O crime é investigado pela 73ª DP (Neves). Augusto foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.
Depois da prisão, em um primeiro depoimento, Augusto afirmou para os policiais que Charles é usuário de drogas, que usava entorpecentes na rua, e que foi agredido por ele após chamar a atenção para o comportamento. Testemunhas negam e procuraram a delegacia para prestar depoimento.
Associações LGBTQIA+ de São Gonçalo se uniram para denunciar e acompanhar as investigações.
“Como foi homofobia com esse menino, podia ser outra coisa com qualquer pessoa, qualquer pessoa que ele pegasse, na primeira, ele ia fazer uma tragédia, isso já estava anunciado”, disse Célia Regina Pereira, vizinha de Charles.
A TV Globo não conseguiu contato com a defesa do policial civil aposentado até a última atualização desta reportagem.