Data ainda não foi definida pela Justiça. Empresário fugiu após matar ator e pais dele em 2019 e se escondeu com identidades falsas até ser capturado na cidade de São Paulo. Dois amigos de Cupertino também vão ser julgados por terem colaborado com a fuga.
A Justiça decidiu mandar a júri popular Paulo Cupertino, o empresário acusado de matar Rafael Miguel e os pais do ator em 2019. A decisão, de 5 de abril, é do juiz Ricardo Augusto Ramos e foi confirmada nesta quarta-feira (12).
A data do julgamento, porém, não havia sido divulgada até a última atualização desta reportagem. Cupertino é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. De acordo com o Ministério Público, ele matou as vítimas porque não aceitava o namoro de sua filha com o artista.
Além dele, dois amigos do empresário, que são réus no mesmo processo, foram interrogados no ano passado e negaram ter ajudado o assassino a fugir e se esconder após o crime cometido em 9 de junho de 2019, na Zona Sul da capital paulista.
Cupertino foi pronunciado pelos três homicídios, e os dois amigos dele, pelo crime previsto no artigo 348 do Código Penal, quando se ajuda um criminoso a fugir. A defesa de um dos amigos já tentou desmembrar o processo para que ele fosse julgado em outra ação, mas o pedido foi negado.
A defesa de cada um deles poderá entrar com recursos próprios e pedir julgamentos em separado.
Paulo Cupertino
Cupertino está detido atualmente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele responde preso preventivamente pelos crimes de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
Durante seu interrogatório, no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste, o empresário não quis responder as perguntas feitas pelo Ministério Público. Ele se reservou ao direito legal de ficar em silêncio.
O crime
Câmeras de segurança gravaram Cupertino atirando 13 vezes em Rafael, de 22 anos, no pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e na mãe do artista, Miriam Selma Miguel, de 50. Segundo o Ministério Público, o empresário cometeu os assassinatos por ciúmes: não aceitar o namoro da filha, Isabela Tibcherani, com Rafael. Na época, a estudante tinha 18 anos.
Isabela e sua mãe, Vanessa Tibcherani, ex-esposa de Cupertino, presenciaram a chacina. As duas estavam próximas à casa em que moravam, numa rua do bairro da Pedreira, mas não foram atingidas pelos disparos.
Mais câmeras registraram o momento em que o assassino fugiu. Cupertino chegou a se esconder em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos após o crime, em 17 de maio deste ano, quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado num hotel em São Paulo.
Ajuda de amigos
Cupertino chegou a dizer aos jornalistas que acompanharam sua prisão que ele é “inocente” e não matou “ninguém”. Apesar disso, ficou em silêncio quando foi interrogado na delegacia e não falou nada sobre o assassinato e sua fuga.
De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, ao menos quatro amigos de Cupertino o ajudaram a fugir e se esconder após matar Rafael e seus pais.
Dois deles são acusados de favorecimento pessoal: Eduardo Jose Machado, o “Eduardo da Pizzaria”, dono de uma pizzaria na Zona Sul de São Paulo, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, que morava em Sorocaba, no interior paulista.
Diferentemente de Cupertino, respondem ao crime em liberdade e negaram o crime.
‘Sou inocente; minha filha me condena’, diz Paulo Cupertino ao ser preso em SP
Até a última atualização desta reportagem, o g1 não conseguiu localizar as defesas de Cupertino, Eduardo e Wanderley para comentarem o assunto.
Os outros dois amigos que são investigados pela polícia de ajudar Cupertino a fugir e se esconder são o dono de uma chácara em Mato Grosso e um fazendeiro no Paraguai. Não há a confirmação, porém, se eles chegaram a ser responsabilizados por algum crime.
Isabel Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela matar o ator a tiros em 2019
Em outras oportunidades, a Defensoria Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só se manifestaria nos autos do processo.
A pedido da Defensoria, a Justiça convocou o filho adolescente de Cupertino para falar como testemunha de defesa, mas o garoto não compareceu por orientação de seus advogados, que também defendem os interesses de Isabela, a filha do empresário. Ela quer a condenação do pai, com quem cortou relações.
Atualmente, Cupertino é representado por um advogado particular.
Quem era Rafael Miguel
Rafael era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial em que uma criança pede brócolis à mãe.
Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do menino imperador”.