Uma notícia caiu como uma bomba e pegou de surpresa os apaixonados por futebol ao redor do planeta na última terça-feira, 25: Lionel Messi havia comunicado oficialmente ao Barcelona que quer deixar o clube. Por meio de um burofax, recurso utilizado na Espanha para o envio de documentos urgentes pelo correio, o argentino, que tem vínculo com o Barça até o meio de 2021, avisou que acionaria uma cláusula contratual que lhe permitiria rescindir o contrato unilateralmente ao fim da atual temporada. De acordo com o jornal espanhol Marca, o prazo para que essa cláusula fosse exercida expirou no último dia 10 de junho, data em que a temporada se encerraria. No entanto, o entorno do jogador acredita que pode reativá-la agora. Isto porque a pandemia do novo coronavírus provocou a paralisação do futebol na Espanha por cerca de três meses, e as disputas só cessaram em agosto. O Barcelona, por sua vez, já avisou que não pretende liberar o craque antes de 2021 sem o pagamento da multa rescisória de 700 milhões de euros (R$ 4,6 bilhões).
Mas por que Messi quer sair do Barcelona?
A resposta é simples: o que motiva Messi a querer sair é o projeto esportivo do Barcelona. O jogador, maior artilheiro e ídolo da história do clube, não digeriu bem as últimas eliminações catalãs na Liga dos Campeões da Europa (para Juventus, Roma, Liverpool e Bayern), viu o Barça encerrar uma temporada sem títulos pela primeira vez desde 2008 e desacredita de um sucesso a curto prazo. Na última semana, o craque interrompeu as férias para conversar pessoalmente com o novo treinador do time catalão, o holandês Ronald Koeman, mas o papo não foi suficiente para demovê-lo da ideia de buscar novos ares.
Para o argentino, o clube, que vive crise financeira e tem dificuldades de sonhar alto no mercado em meio à pandemia da Covid-19, não terá condições de contratar jogadores de peso para cercá-lo em 2020/21. Como já tem 33 anos, o craque não estaria disposto a esperar a concretização da enorme reformulação pela qual a equipe deve passar nas próximas temporadas. Luís Suárez e Arturo Vidal não devem ficar, e até mesmo o ídolo Gerard Piqué já se colocou à disposição para sair.
Somado a isto, o argentino possui relação desgastada com o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu. Messi, que já teceu críticas públicas à alta-cúpula blaugrana, desaprovou a troca do treinador Ernesto Valverde por Quique Setién no meio da última temporada e já afirmou que, para ele, a diretoria do Barça não fez o esforço necessário para contratar Neymar na última janela de transferências. Resumindo: o clima no clube é o pior desde que ele chegou, aos 13 anos de idade, e o atleta tem o desejo de encerrar a carreira em uma equipe mais estável e competitiva.
E por que Messi quer jogar no Manchester City?
A resposta para essa pergunta está na última frase do parágrafo anterior: porque o camisa 10 tem o desejo de encerrar a carreira em uma equipe mais estável e competitiva. O City contempla essas duas condições e, além disso, tem no banco de reservas um homem que tem muito valor para Lionel Messi. Pep Guardiola, treinador dos Citizens, foi o comandante do argentino na melhor fase da carreira dele. Entre 2008 e 2012, ambos ganharam, juntos, no Barcelona, três títulos espanhóis, duas Copas do Rei, duas Supercopas da Espanha, duas Ligas dos Campeões da Europa e dois Mundiais de Clube. No período, o camisa 10 foi eleito o melhor jogador do mundo em quatro anos seguidos (de 2009 a 2012) e se tornou o pilar de um dos times mais encantadores da história do futebol.
Além do fator Guardiola, o Manchester City tem um elenco recheado de bons valores para fazer companhia a Messi. Kevin de Bruyne é um dos melhores jogadores do mundo, Sterling, Gabriel Jesus, Bernardo Silva e Mahrez são armas ofensivas muito interessantes, e Sérgio Agüero, além de excelente centroavante, é um dos melhores amigos de Messi. O canhoto é, inclusive, o padrinho de um dos filhos do atacante, maior artilheiro e um dos principais ídolos da história do clube. Fora de campo, o City também tem um projeto atrativo. Desde que Guardiola chegou, em 2016, o clube se cercou dos profissionais que tornaram o Barcelona dominante em um passado não tão distante e, definitivamente, tornou-se um modelo a ser seguido. Além disso, em Manchester, Messi teria a oportunidade de jogar na liga nacional mais forte do mundo e poderia marcar ainda mais o nome na história caso conduzisse o time ao inédito título da Liga dos Campeões da Europa. Nada mal, não?