Nos últimos cinco anos, tem crescido o número de estudos sobre saúde mental em atletas de alto rendimento. Para a médica Paula Fernanda Delai “Esse cuidado deve estar presente desde as categorias de base. A expectativa por melhores resultados aumenta com a passar do tempo e deve estar aliado á uma boa saúde mental. Essa exigência é mista, havendo autocobrança e pressão externa. O grau de disciplina e comprometimento que demanda se manter no topo de um esporte de elite é muito grande, desafiando os limites do atleta a todo momento .” afirma.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes mo mundo, são afetados por algum grau de transtorno mental. Na opinião da médica Paula Delai. “Imagine a pressão que é você estar sempre no foco das atenções, cumprindo uma disciplina rígida, tendo que atender a expectativa da torcida, supostamente não podendo relaxar na dieta e, muitas vezes, treinar horas e horas á fio, fazendo abdicações na vida pessoal, superando a dor e o cansaço. Uma hora a conta chega e a estrutura do atleta pode desabar, que muitas vezes dependem de patrocínio e são avaliados o tempo inteiro”, frisa.
Ainda segundo Paula Delai, é preciso ter em mente que todos têm seus limites, até mesmo aqueles capazes de grandes feitos, como os atletas de alto rendimento. “Até pouco tempo, o condicionamento fisico não estava tão intimamente agregado á saúde mental, era mais uma concepção de máquina do que abranger a complexidade humana como todo. O fato de personalidades como Simone Biles e Gabriel Medina começarem a expor seus problemas de saúde mental mostra uma quebra de paradigma, uma nova realidade para rever estratégias que visam dar um melhor suporte para o atleta. É necessário uma ampliação do autoconhecimento.” pontua a médica.
Uma boa ferramenta para trabalhar as inseguranças e ansiedades que podem assombrar os atletas de alto rendimento é a psicoterapia. “É muito importante para o esportista que ele reserve momentos para falar das suas expectativas, medos e dificuldades. A ansiedade pode desencadear esses sabotadores internos em momentos cruciais e prejudicar o desempenho do atleta. Além do suporte integral, é importante que o atleta tenha um equilíbrio na vida. É fundamental ter momentos de lazer, amigos para conversar, além de meditar e ouvir uma boa música, por exemplo. Faz toda diferença o apoio da família, que entende melhor questões intrínsecas e está inserida no contexto social daquele atleta. ”, conclui Paula Delai.