Mulher recebeu PIX de R$ 30 mil, flores no hospital e assinou ‘acordo’ com sigilo depois de colisão em março, na Zona Oeste de São Paulo. Juíza autorizou ofício ao Detran para informações sobre a CNH do ator e quer ouvir o PM que registrou o caso.
A Justiça intimou o ator Lima Duarte para prestar depoimento na ação por danos morais e materiais de R$ 1,2 milhão por conta de um acidente em março, na Zona Oeste de São Paulo, envolvendo o artista e uma motociclista. Anteriormente, a defesa disse que ele é alvo de “calúnias e difamações”.
Como o g1 mostrou, a mulher envolvida no acidente recebeu R$ 30 mil quando ainda estava no hospital e assinado um acordo com o ator.
Neste mês, a juíza determinou após pedidos da defesa dela:
Depoimento pessoal do ator em audiência;
Intimação do policial que fez o relatório do acidente para depor;
Ofício ao Detran para informar sobre a habilitação em 1 de março de 2023;
Informações à Santa Casa sobre o prontuário da paciente.
A audiência deve ser realizada em 26 de outubro de 2023, 14h. O g1 entrou em contato com a defesa do ator, mas não houve retorno até a última atualização.
Entenda o caso
No processo que corre pela 28ª Vara Cível de São Paulo, o advogado da motociclista detalhou que o acidente ocorreu em 1º de março deste ano, na Avenida Antártica, região da Barra Funda, quando o carro de Lima Duarte teria passado de uma faixa para outra e não teria dado sinal, e o retrovisor direito prendeu no guidão da moto, segundo o texto.
A mulher quebrou cinco ossos, colocou duas placas e nove parafusos. Ela passou por cirurgias. A defesa alega que ela permaneceu no hospital por 16 dias e deverá ficar cerca de um ano sem andar.
A motociclista pede na Justiça:
Indenização por danos morais;
Tratamento em hospital particular;
Pagamento mensal de R$ 5 mil com comprovação dos gastos;
Auxiliar de enfermagem para cuidados diários;
Transporte para tratamentos;
Fisioterapia.
Na época, uma neta de Lima Duarte teria ido ao hospital e levado flores à paciente. Em seguida, um homem e uma contadora levaram um documento para que a mulher, de 37 anos, assinasse. À paciente foi pago o valor de R$ 30 mil via PIX, dado flores no hospital e um contato assinado como um “acordo”.
O que diz a defesa da motociclista
Anteriormente, a defesa da mulher afirmou que foram alugadas uma cama hospitalar e cadeira de rodas, que não estavam sendo custeadas pelo ator.
“Estava com fortes dores, ainda com efeito de medicações, meio sonolenta, com morfina ainda fazendo efeito e levaram o documento para ela assinar, condicionando o depósito de R$ 30 mil e uma ajuda mensal por seis meses”, disse o advogado da paciente, Ângelo Carbone.
No “acordo” assinado entre as partes, o ator confirmava que tinha se envolvido em um acidente de trânsito do qual não teve responsabilidade, mas havia prestado socorro e acompanhava o estado de saúde da vítima.
O ‘acordo’
O documento, o qual o g1 teve acesso, cita que o motorista e a motociclista “não atribuem qualquer culpa pelo acidente” e que os dois reconhecem que foi uma “fatalidade decorrente do próprio trânsito intenso da capital”.
No terceiro parágrafo, escrito pela equipe do artista, há a afirmação de que a paciente realmente sofreu ferimentos e passou por uma “bem-sucedida cirurgia no quadril” na Santa Casa de São Paulo, e teve alta médica em 16 de março.
“Gesto de solidariedade inclui pagamento a Simone de aluguel de uma cadeira de rodas e de uma cama hospitalar pelo prazo de até 6 meses, no valor de R$ 465 mensais, além de uma ajuda de custo para minimizar a perda de receita de Simone, no valor de R$ 30 mil”.
O texto ainda detalha que havia o comprometimento do sigilo.