Tacla disse que foi alvo de extorsão por aliados do senador e de perseguição pelo deputado federal em depoimento a Appio; juiz encaminhou caso ao STF. Carro blindado está entre os pedidos.
O atual juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, encaminhou na quarta-feira (29) um pedido de reforço na segurança pessoal contra ameaças e pressões sofridas por ele depois de acusações do advogado Rodrigo Tacla contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro e o ex-procurador e atual deputado federal Deltan Dallagnol.
Na segunda-feira (27), o réu por lavagem de dinheiro para a Odebrecht citou o nome dos congressistas em supostos casos de extorsão e perseguição durante audiência com Appio.
Segundo o juiz federal, as ameaças são “consequência direta do poderio econômico, social (redes sociais) e político exercido” pelo ex-juiz e atual senador Moro e também pelo ex-procurador da Lava Jato e atual deputado federal Dallagnol.
O requerimento foi feito ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
No documento, Appio também cita ameaças sofridas por conta de um júri a ser realizado por ele, e que envolve suposto membro de organização criminosa.
O pedido inclui uso de um veículo blindado pelo prazo de 60 dias.
Até a publicação desta reportagem, o TRF4 não havia apreciado o pedido. Não há data prevista para que isso aconteça.
Moro pediu afastamento de juiz
Na noite de terça-feira (28), a defesa de Sergio Moro protocolou um pedido de que Eduardo Appio se afaste de qualquer decisão em processos da Lava Jato até uma apuração de suspeição.
A ação foi protocolada pelo Ministério Público Federal (MPF) no dia 15 de março deste ano, conforme petição, mas não teve movimentação processual.
Acusações contra Moro e Dellagnol
O que disse Tacla Duran sobre Moro e Deltan
Durante audiência na Justiça Federal, em processo que é réu por lavagem de dinheiro para a Odebrecht, Tacla Duran envolveu os parlamentares na possível extorsão.
Sobre Deltan, ex-procurador na força-tarefa da operação, o advogado afirma ser “perseguido na Espanha e em outros países” por ele. Em relação a Moro, Tacla Duran afirmou que foi vítima de tentativa de extorsão durante o processo por pessoas ligadas ao ex-juiz.
Ainda na segunda-feira, os dois rebateram a denúncia. O senador disse que “não teme qualquer investigação” e afirmou que Tacla Duran fez “falsas acusações”. O deputado afirmou, pelo Twitter, que o caso “é uma história falsa”.
Com o depoimento, Appio determinou que o acompanhamento do processo fosse para o Supremo Tribunal Federal (STF) por se tratarem de um senador e um deputado federal.
Na audiência, ele destacou que o objetivo era ouvir Tacla Duran sobre a revogação da ordem de prisão preventiva que pesava contra ele no Brasil, e não sobre acusações contra Moro e Deltan. Por isso, o juiz não se aprofundou nenhuma questão levantada pelo advogado sobre os parlamentares.
Na noite de terça-feira, a defesa de Moro recorreu à Justiça e pediu que o caso não seja encaminhado ao Supremo.
MPF pede que acusações de Tacla Duran contra Moro sejam analisadas pela Justiça comum; juiz encaminhou caso para STF
Ele também solicitou que Appio não tome mais decisões em processos envolvendo a Lava Jato até que um pedido de suspeição feito pelo Ministério Público Federal (MPF) seja avaliado.