Saulo Moura da Cunha estava à frente da agência de forma interina no dia 8 de janeiro, quando golpistas atacaram as sedes dos três poderes, em Brasília. Depoimento está marcado para às 10h.
A CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) deve ouvir, nesta quinta-feira (26), às 10h, o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha. Ele estava à frente da agência de forma interina no dia 8 de janeiro, quando golpistas atacaram as sedes dos três poderes, em Brasília.
Cunha já prestou depoimento na CPI Mista (CPMI) dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional, no dia 1º de agosto. Na ocasião, ele disse aos parlamentares que a Abin “cumpriu seus deveres” com relação aos eventos de 8 de janeiro (veja detalhes mais abaixo).
À época dos atos, a Abin era um dos órgãos responsáveis por comunicar às autoridades e aos demais órgãos públicos informações colhidas, por exemplo, sobre o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Depoimento no Congresso
O nome de Cunha não foi incluído na lista de pedidos de indiciamento da CPMI dos Atos Golpistas, do Congresso Nacional. Aos deputados federais e senadores, Saulo Moura da Cunha disse que a Abin produziu relatórios que demonstram que os atos de 8 de janeiro não foram fatos isolados.
Segundo ele, a tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília na véspera do Natal, no ano passado, e o bloqueio em estradas feito por caminhoneiros bolsonaristas em ao menos 23 estados e no DF contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência da República estão relacionados com os ataques golpistas.
“Esses relatórios foram encaminhados não só à CPMI, mas também foram à Polícia Federal, que está conduzindo o inquérito sobre atos extremistas. Parece que há certa organização, pelo menos de parte de grupos que ali estavam e que eram extremistas. Estavam organizados, houve discursos, houve incitação à violência. Não parece algo espontâneo”, disse Saulo Moura Cunha à CPMI.
O ex-diretor também explicou que não é “usual” à Abin enviar informações diretamente ao presidente da República, mas, sim, ao ministério ao qual é subordinada – à época dos atos golpistas, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Saulo da Cunha disse ainda que avisou o general Gonçalves Dias, então ministro GSI, sobre riscos às sedes dos três poderes cerca de uma hora antes da invasão por golpistas.
Calendário da CPI da CLDF
Os depoimentos da CPI dos Atos Antidemocráticos, na CLDF, devem ser encerrados no dia 16 de novembro. Segundo o relator, deputado Hermeto (MDB), “O arcabouço do relatório final dos trabalhos já está pronto e será apresentado em reunião fechada com os titulares da comissão no dia 30 de outubro”.
Veja as datas das próximas reuniões:
30 de outubro 🗓️: reunião fechada para apresentação do arcabouço do relatório;
9 de novembro 🗓️: Cláudio Mendes dos Santos, major da reserva da PMDF;
16 de novembro 🗓️: Reginaldo de Souza Leitão, coronel da PMDF;
23 de novembro a 5 de dezembro 🗓️: período para possível leitura e votação do relatório final.