O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta quarta-feira, 19, durante julgamento da ação do partido Rede Sustentabilidade que pede a suspensão imediata da produção de um suposto “dossiê antifascista”, que o Ministério Público “não admite que o governo espione opositores políticos e seus alcólitos (assistentes)”. No entanto, disse que o relatório de inteligência feito pelo Ministério da Justiça “é comum e rotineiro, para que se efetue um cenário de riscos em determinadas situações”. “A finalidade da inteligência é antecipar o evento que pode, de alguma forma, colocar em risco a sociedade e o estado”, argumentou.
O dossiê em questão, segundo Aras, foi produzido após o assassinato de George Floyd e os sucessivos protestos nos Estados Unidos. “Algumas pessoas que se infiltraram no movimento social para protestar, inicialmente por uma vontade de participar da vida pública e nacional podem, por vários motivos, desnaturar a sua participação política, fazendo disso uma oportunidade para que atos antidemocráticos venham a ocorrer, a exemplo de saques. Esse tipo de conduta grave aconteceu na França e na Inglaterra, e houve receio de que acontecesse no Brasil”, explicou o PGR.
O documento tem informações de 579 servidores federais e estaduais identificados como “antifascistas” e opositores ao governo do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Aras, o dossiê é uma compilação de dados extraídos de fontes abertas, como Instagram, YouTube e manifestos publicados nas redes sociais. “O objetivo é oferecer informações úteis a um escalão superior, uma coisa muito diferente de investigação criminal. As informações obtidas pelo PGR e fornecidas pelo MP foram coletados na atividade típica de inteligência”, explicou. O PGR afirmou, ainda, que “até onde conseguiu apurar não houve nenhuma consequência para ninguém”. “O MP não aceita cidadãos amordaçados e vigiados apenas por serem contra quem quer que seja”, completou.