A empresa administrava cerca de 40 condomínios. Em delegacias de São Paulo, já existem quatro inquéritos em andamento para apurar os crimes cometidos pelos responsáveis.
Uma empresa que administrava condomínios em São Paulo é acusada de desviar milhões de reais que estavam nas contas que eram mantidas pelos síndicos. O dono da empresa Fort House admite que usou os recursos de forma irregular e que não tem como devolver o que usou. A administradora cuidava de cerca de 43 condomínios na capital paulista. E, segundo cálculos dos próprios síndicos, o prejuízo pode chegar a R$ 30 milhões.
Depois do trauma com um síndico que desviou dinheiro, um condomínio de São Paulo contratou a Fort House. Apenas a administradora fazia os pagamentos. Mas, alguns meses atrás, Ana Letícia Herrera, a atual síndica, viu que as cobranças de água e luz tinham multa e juros por atraso. Ana pegou no banco o extrato da conta e comparou com os extratos que a administradora enviava numa pasta ao condomínio.
“Foi quando eu descobri que o extrato original estava muito diferente do extrato da pasta. Então ele transferia todo o dinheiro que caia do condomínio, ele transferia imediatamente para a conta da Forte House”, conta Ana Letícia.
Ana Letícia desconfiou quando viu contas do condomínio com multas e juros por atraso
A conta do condomínio estava no vermelho fazia tempo. Tinha dívida no cheque especial, o INSS dos funcionários não estava sendo recolhido e as reservas do condomínio haviam sido zeradas. Condomínios vizinhos, que tinham contratos com a mesma administradora, também perderam dinheiro e vão processar os responsáveis. O advogado Paulo Fernando Garcia explica que pode ter havido apropriação indébita por parte da administradora.
“Vislumbra-se aí pelos documentos que nós estamos tomando conhecimento a prática de estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos particulares também”, explica Paulo Fernando.
Numa carta enviada ao condomínio, o dono da administradora afirma que é responsável pelos seus erros e que está encerrando o negócio. Márcio José Macedo, advogado de João Carlos Capporicci, dono da Fort House, sustenta que não foi um golpe.
“O que houve foi uma má administração na gestão dos recursos, né? Ele recorreu aos bancos, é, para pegar empréstimos, recorreu a inúmeros agiotas, né? Então na verdade ele não se apropriou, ele não desviou o dinheiro”, alega Márcio José.
O advogado especialista em condomínios Márcio Rachkorsky diz que é importante não dar carta branca às administradoras. O especialista também sugere que o condomínio mantenha, numa conta separada, o dinheiro do fundo de reserva. É para os casos urgentes como o estouro de um cano, a troca de vidro. O síndico pode usar para o conserto, sem depender de autorização da administradora.
“O mais importante de tudo, não outorgar procuração dando plenos poderes para administradora mexer no dinheiro”, alerta Márcio.
Márcio Rachkorsky diz que é importante não dar carta branca às administradoras