Após quatro meses de saldo negativo, o mercado de trabalho brasileiro criou 131.010 vagas em julho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia nesta sexta-feira, 21. O resultado é de 1.043.650 contratações ante 912.640. No acumulado do ano, o saldo é negativo em 1.092.578 vagas de empregos, decorrente de 7.821.801 admissões e de 8.914.379 desligamentos. Em junho foram 10.984 postos de trabalhos cortados, enquanto o primeiro semestre encerrou com saldo negativo de 1.198.363 vagas, o pior índice desde o início da série histórica, em 1992.
O setor da Indústria, impulsionado pela Indústria de Transformação, liderou a criação de empregos formais, com 53.590 novos postos em julho. Em seguida, ficam os setores de Construção, com 41.986 vagas a mais, e o Comércio, que registrou a criação de 28.383 postos. A Agropecuária completa a lista de saldos positivos, com 23.027 novas vagas. O setor de Serviços, no entanto, foi o único a registrar saldo negativo, com 15.948 vagas fechadas, número maior do que o de postos abertos. As cinco regiões do país tiveram resultado positivo em julho, lideradas pelo Sudeste, com a criação de 34.157 (+0,18%) novos postos de trabalho. A maior variação relativa foi no Norte do Brasil, com 0,76%, após a criação de 13.297 novas vagas de emprego com carteira assinada. No mês, a região Nordeste teve saldo positivo de 22.664 postos gerados; enquanto o Sul registrou 20.128 novos postos e o Centro-Oeste 14.084 vagas criadas.
A queda no mercado de trabalho é um dos principais indicativos da crise do novo coronavírus na economia brasileira. O país encerrou julho com o desemprego em 13,1%, somando 12,3 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), divulgados nesta quinta-feira, 20. A população ocupada recuou para 81,5 milhões de trabalhadores e 438 mil pessoas ficaram sem emprego no último mês. O governo federal negocia com o Congresso a segunda prorrogação do auxílio emergencial, mas com valores menores do que os atuais R$ 600. A última parcela do benefício está sendo paga nesta semana, e a expectativa é que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anuncie a extensão do auxílio nos próximos dias.
O encerramento do benefício deve coincidir com o lançamento em janeiro de 2021 do Renda Brasil, o programa social do governo federal para substituir o Bolsa Família. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já adiantou que a proposta de renda básica deve beneficiar até 27 milhões de brasileiros, ante os 20 milhões atualmente cadastrados no Bolsa Família. O valor também deve ser maior, de R$ 300, contra os R$ 190 pagos pelo benefício criado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O orçamento do programa e a limitação dele ao teto de gastos está sendo avaliada pelo Ministério da Economia, e a previsão é que a proposta seja enviada ao Congresso Nacional na terça-feira.
A taxa de desocupação cresceu de 12,4% para 13,1%, atingindo 12,3 milhões de pessoas em julho. No mês, mais 438 mil pessoas ficaram sem emprego, se comparado a junho. A população ocupada caiu para 81,5 milhões de trabalhadores. Os dados são da Pnad Covid-19, divulgada nesta quinta-feira (20) pelo IBGE. Segundo a pesquisa, dos 9,7 milhões que estavam afastados do trabalho, 6,8 milhões informaram que o motivo era o distanciamento social provocado pela pandemia da Covid-19 — o que representa recuo de 42,6% na comparação com o contingente de pessoas afastadas em junho.
Neste mês, o Congresso prorrogou o Programa Emergencial para Manutenção do Emprego e da Renda, que permite aos empregadores reduzir a carga horária e salário dos trabalhadores até o fim de 2020. A MP 936 está em vigência desde abril, quando foi editada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O governo federal também estendeu para até setembro o auxílio emergencial de R$ 600 por mês. O benefício visa o suporte dos trabalhadores informais, a categoria mais afetada pelo desemprego.