A Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, foi desalojada nesta quinta-feira (20) da sede que ocupa há 20 anos após perder disputa judicial com os Correios pela posse do prédio na rua da Alfândega, na região central da cidade. Depois de uma tentativa frustrada de conciliação em audiência na terça-feira (18), a juíza da 27ª Vara Federal do Rio, Geraldine Vital, determinou na quarta-feira (19) o cumprimento da reintegração de posse. “Autorizo o arrombamento do imóvel, se assim se fizer necessário, para a confecção de novas chaves, a serem entregues no mesmo ato à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT”, diz a decisão, que falava em uso de força policial em caso de resistência.
O advogado da Escola, Caetano Berenguer, do Sergio Bermudes Advogados, confirmou que Oficiais de Justiça já estiveram no prédio cumprindo o mandado e realizando um inventário dos bens da Escola de Cinema. Os itens ficarão sob a responsabilidade dos Correios até que sejam retirados do imóvel, em data a ser definida por acordo entre as partes. Na lista de privatizações do governo Jair Bolsonaro, os Correios informaram que a devolução do prédio faz parte do projeto de otimização de sua carteira imobiliária. A proposta é transferir o efetivo administrativo de seu edifício-sede no Rio, na Avenida Presidente Vargas, para dois imóveis próprios, sendo um deles o que é ocupado pela escola de cinema.
Cedido pelos Correios em 2000, o espaço estava em desuso desde 1993 e, de acordo com a Escola, em estágio avançado de deterioração. Reconhecida pela pesquisa e formação de profissionais do setor de audiovisual, a instituição investiu na restauração, recuperação, adequação e manutenção do edifício. Com cinco pavimentos, o imóvel tem hoje salas de aula, ilhas de edição, estúdio, biblioteca, filmoteca e sala de exibição de filmes. O primeiro comunicado pedindo de volta o edifício foi enviado à direção da Escola em abril de 2019. Localizado na esquina das ruas da Alfândega e Primeiro de Março, ele fica bem em frente ao Centro Cultural dos Correios, que alegam que a vigência do contrato terminou em maio de 2011. Em março o caso foi parar na Justiça Federal sem aviso prévio à instituição, que estava em busca de alternativas.
*Com Estadão Conteúdo