Seis mulheres denunciaram à polícia terem sido abusadas por Jeferson Scaranto, que atendia em Viamão. Ele está preso desde abril. Defesa dele nega que o cliente tenha cometido os crimes.
O dentista Jeferson Scaranto virou réu na Justiça por abusar sexualmente de pacientes durante consultas em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A denúncia do Ministério Público (MP) foi aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) na terça-feira (25). Isso quer dizer que o TJ-RS abriu processo contra ele, que, agora, começa a ser julgado pelo crime.
Seis mulheres denunciaram terem sido abusadas por ele (saiba mais abaixo). Umas delas registrou o crime em vídeo (veja o vídeo abaixo). Scaranto está preso preventivamente desde o dia 8 de abril.
O advogado Eduardo Brittes Peres, que defende Scaranto, negou que o seu cliente tenha cometido os crimes.
“A íntegra do referido vídeo não apresenta comportamento ou conduta diversa dos protocolos de atendimento de qualquer procedimento odontológico. No concernente às demais vítimas que surgiram posteriormente à ampla divulgação nos meios de comunicação, nada há em suas afirmações que possam sequer sugerir provas, havendo, inclusive, depoimentos controversos, os quais serão devidamente apontados durante instrução processual”, disse por meio de nota.
‘Quando terminou o procedimento, vi que ele tinha ejaculado’, diz vítima de dentista
Paciente grava dentista em consulta: ‘Ele puxa com o cotovelo o meu braço em direção ao órgão genital dele’
Vídeo mostra momento em que dentista recebe voz de prisão ao desembarcar de voo
Peres chegou a pedir à Justiça a liberdade do dentista, mas o pedido foi negado na última sexta-feira (21), sendo mantida a prisão preventiva, conforme o TJ-RS.
O crime
Seis mulheres relataram terem sofrido abusos durante consultas odontológicas com Scaranto. Uma delas, uma jovem de 25 anos, conta que foi atendida por ele três vezes. Nas duas primeiras, foi acompanhada, mas, na terceira, ficou sozinha no consultório com o dentista.
“Ele sentou, ele abriu o jaleco, pedia pra eu me aproximar mais, eu dizia que não, então ele se aproximou mais com a cadeira, e quando terminou o procedimento, vi que ele tinha ejaculado”, conta.
A vítima de 25 anos conta que, desde os primeiros atendimentos, notou o comportamento inadequado dele. “Carícias no rosto, olhares, [no início] mais sutil, a questão de pedir para vir um pouco mais próximo, de tirar minha cabeça da cadeira”, conta.
Elas diz que, na segunda consulta, foi acompanhada da filha, que entrou junto no consultório. “[Ela] percebeu que ele estava com o braço em cima do meu seio, e pediu pra ele tirar, que ali não era lugar dele botar o braço e ela pôs a mão em cima e deixou ali. Como se fosse uma proteção, né. É filha. E ali é um lugar que menino não pode tocar, é como eu ensino, e ela não estava errada”, diz.
“Ele não deveria nem ter continuado atuando. Isso aí já deveria ter tirado dele, não deveria mais estar atuando nessa área. Não foi uma nem duas, quantas vítimas ele já não fez de lá pra cá, dessa mesma maneira. Eu acho que onde acontece uma vez, aconteceu a segunda, não tem que existir terceira vez.”
Outra vítima que procurou a polícia gravou a segunda consulta com Scaranto.
“No momento que ele está injetando a anestesia no dente, ele já está começando a ter uma ereção; toda vez que eu me levanto para cuspir, ele tenta olhar para debaixo da minha saia. Ele puxa, com o cotovelo dele, o meu braço em direção ao órgão genital dele”, detalha a paciente.
A delegada responsável pelo caso, Marina Dillenburg, diz que o vídeo e os elementos apontados fizeram com que fosse possível a prisão em flagrante do dentista.
“Ele fazia questão de mostrar aquilo pra ela, no vídeo dá pra ver ele se ajeitando e colocando o avental pra cima, então com base nisso, nesse relato dela e nas imagens que ela mesma apontou, a gente efetuou a prisão em flagrante dele”, diz.
A paciente conta que muitas pessoas questionaram o fato de ela voltar ao consultório do dentista, mesmo depois do abuso.
“Muita gente fala: ‘tu não deveria ter voltado lá’. Mas, gente, era o único lugar que eu podia pagar. Eu já tinha tentado tratar, entendeu? Eu pedi para o meu pai para fazer um pix de R$ 50 para eu poder tirar aquele dente”, conta.