SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Logo depois que seu show “Mais Feliz” foi interrompido por causa da pandemia do novo coronavírus, Zeca Pagodinho deu um jeito de continuar se apresentando. Mesmo não sendo fã das redes sociais, o cantor de 61 anos fez uma live bastante elogiada no Dia das Mães, e se prepara para, neste domingo (9), às 17h, homenagear os pais.
“O show foi muito bem montado”, afirma ele, garantindo sucessos no repertório, como “Quando Eu Contar (Iaiá)”, “Coração em Desalinho” e, claro, “Mais Feliz”. “São músicas que precisam estar lá, se não o público reclama”. A intenção é que, com a live via YouTube, ele ajude mais pessoas a permanecerem em casa -“até porque tem muita gente com saudades de shows”.
O músico passa a quarentena com a mulher, Mônica da Silva, em Xerém, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, depois de “não aguentar mais” ficar em seu apartamento na Barra da Tijuca. Trocou o confinamento após três meses em um prédio pelo vasto quintal e o contato com os animais -especialmente cavalos e cães que, segundo ele, perturbam desde a hora que ele acorda, até quando vai dormir. “Se eu tivesse uma corda vocal assim, faria dez shows por dia. Eles não ficam roucos nunca”, diz, entre um “shiu” e outro para os animais.
Em sua casa, Zeca opta pelos DVDs às lives, e tem lido livros como sua própria biografia. “Eu me lembro de muitas coisas, pessoas que já morreram. Dá saudades. É esquisito, mas é o que a gente tem para fazer.” No restante do tempo, ele brinca no quintal e dá voltas de quadriciclo com sua filha, Duda, 16, e os netos, Catarina, 5, e Noah, 10 -este último, de quem ele se considera um “pai-avô”.
Das redes sociais, ele nem chega perto. Quem atualiza as informações em seu perfil no Twitter e Instagram é sua assessoria de imprensa. “Não gosto disso não. Gosto é de ver as pessoas. Não abro, nem sei mexer. Meu telefone é para ligar e atender. E tirar uma foto dos netos, dos cavalos… Mais nada.”
“É legal saber [pelas redes sociais] que a gente é bem querido. Mas não me preocupo com essas redes não. Me preocupo com a saúde dos meus filhos, dos meus amigos… Isso sim”, acrescenta.
As notícias em jornais, Zeca diz que só lê de vez em quando. “É muita notícia ruim. Muito feminicídio, violência sexual contra criança… Que coisa horrível, Deus que nos perdoe. Parece o fim do mundo”, afirma, lembrando ainda do anúncio de adiamento do Carnaval 2021. “Eu nunca passei por isso.”
O único assunto que o interessaria neste momento, diz o músico, seria o da descoberta de uma vacina eficiente para o coronavírus. Ele anseia pelos shows e contato com o público, e afirma que a pandemia tem atrapalhado a criatividade “de todo mundo”. “Está todo mundo triste, dentro de casa. Vou fazer música de que, de pandemia?”, ironiza.
Ciente de que precisa esperar pela cura, especialmente considerando sua idade e seu quadro de diabetes, Zeca diz que só o resta aguardar. Perguntado sobre a primeira coisa que quer fazer quando essa realidade chegar, ele já tem múltiplas respostas na ponta da língua: “É cortar o cabelo, fazer minhas unhas, ir aos restaurantes que costumo ir, tomar uma boa cerveja, conversar com meus amigos, abraçar todo mundo e ir à praia.”