Wanessa Camargo diz que viveu relações abusivas, mas não foi vítima

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a chegada da pandemia, Wanessa Camargo, 37, teve que mudar todos os seus planos que já estavam preparados para 2020, quando completa 20 anos de carreiras. A mudança de rota fez com que a cantora tirasse da gaveta uma música pra lá de pessoal: “Lábios de Navalha”.

Lançada no final de agosto, a canção, que fala sobre relacionamentos abusivos e traz um videoclipe intimista e cheio de mulheres, foi fruto da quarentena. Apesar de já estar escrita há anos, Wanessa decidiu grava-la devido ao aumento de casos de violência doméstica no país.

“É muito pessoal, de relações abusivas que enfrentei não só uma vez, mas várias. Escrevi essa música 2015, estava guardada. Na época pensei que era muito forte e nesse ano percebi que era o momento de lançar. Pensei: ‘Por que não falar disso agora?'”, conta a artista em entrevista à reportagem por telefone.

Wanessa lembra com bastante lucidez dessa época, mas ressalta que não se considera vítima. “Não adianta amiga falar, psicólogo, mãe e pai, não adianta. A pessoa tem que ter amor-próprio muito grande para se libertar disso. Eu não sou vítima, eu que me coloquei nesse lugar. Quando alguém faz mal para você, é você que permite, então fui permissiva. Só que eu estava fraca, sem amor-próprio, insegura”, diz.Casada com o empresário Marcuz Buaiz desde 2007, com quem tem dois filhos, José Marcus, 8, e João Francisco, 6, a cantora afirma que pretende continuar levantando certas bandeiras, que segundo ela, não fazem alusão ao seu posicionamento político. “Eu me considero humanista, que luta pelo ser humano, que luta pela igualdade de todas as classes, gêneros, e todos nós merecemos ser felizes e nos sentirmos amados, e o amor-próprio principalmente.”

Apesar de reconhecer que para alguns pode ser considera “em cima do muro”, Wanessa explica que para ela não existe apenas dois caminhos. “Para mim um posicionamento não é para direita ou para esquerda, não sei se é energético, mas os meus fãs não me cobram disso”, conta ela.

Segundo a cantora, os preconceitos -sejam eles de gênero, raça, etnia ou sociais- fazem parte da falta de informação. “É o medo exacerbado daquilo que você não conhece e para mim não é brigando que nós mudamos a cabeça de alguém que tem posicionamento diferente. Tem que chamar para conversar e não rejeitando. Precisa aceitar e tentar acolher.”

EXPOSIÇÃO DA VIDA PESSOAL

Com mais de três milhões de seguidores nas redes sociais, Wanessa Camargo diz que enxerga a plataforma como ferramenta de trabalho. Recentemente, usou para divulgar seu documentário em homenagem aos 20 anos de carreira, o “W.Doc”, que foi lançado em partes, entre junho e agosto.

“É muito perigoso se basear só em número, a rede social também tem a sua realidade, que impacta os outros. Precisa ter uma inteligência emocional danada [risos]. Mas eu gosto de contar a vida particular quando é natural, quando sinto vontade de dividir. Não quero postar a minha vida o tempo inteiro, não é Big Brother. Se é só pra fazer números não me interessa.”

Filha de Zezé di Camargo, 58, e Zilu Godoi, 62, que atualmente travam uma briga na justiça por conta da divisão de bens após o divórcio, que aconteceu em 2014, Wanessa conta que não consegue expor tanto a sua vida como seus pais, que, segundo ela, são “melhores” nas redes sociais.

“Eles gostam disso [exposição]. Acho que é de cada um, da pessoa se sentir a vontade. Meu pai e minha mãe que têm que me ensinar. Mas tudo tem um preço, nada nessa vida… Eu não gosto das consequências quando você abre demais, não me faz bem, já vivi isso. Eu sei como é ter uma vida pessoal exposta.”

‘NOVO NORMAL’

A cantora e a sua família -filhos e maridos- estão entre os famosos que tiveram a Covid-19. Na época, Wanessa contou durante uma live que ficou aterrorizada com o diagnóstico. Ela também diz que está sem ver a mãe Zilu desde o mês de março por causa da pandemia.

“Não sei se vou ver ela ainda neste ano, são altos e baixos… mas sabe quando você sente que está chegando num limite? É muito ruim, sinto falta do colo dela, literalmente”, diz Wanessa que também afirma não estar vendo a irmã Camila Camargo, 34.

Entretanto, a cantora afirma que o ritmo do “novo normal”, curiosamente lhe agrada. “Gosto bastante desse ritmo novo, parece que o mundo está no meu ritmo. Lógico que tem coisas que a gente sente, é muito estranho essa vida sem abraços.”

Com o adiamento dos planos para lançar um DVD em comemoração ao aniversário de carreira, Wanessa precisou repensar como faria a divulgação do seu novo projeto chamado “Uni/versos” e conta que a ideia do documentário surgiu a partir daí.

“Ia ser algo tradicional e até obvio, mas por conta da pandemia não teve gravações, produções e muito menos DVD. Foi um momento em que tive que pensar como manteria viva a minha arte e a parte financeira.”

Wanessa Camargo lança em 11 de outubro, quando celebra 20 anos de carreira, o projeto Uni/Verso, que é uma continuidade dos mino docs que ela lançou os últimos meses, revivendo momentos importantes da sua trajetória. A série, intitulada W.Doc, contou com 12 partes, com fatos e memórias da carreira dela.Confira “Lábios de Navalha”:

By Ewerton Souza

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