O Ministério Público investiga a participação de capitão do Batalhão de Choque no homicídio doloso de Thiago Flausino. Homem afirmou que levou um tiro na mão e que Thiago foi alvejado pelas costas.
Um depoimento inédito dado pelo homem que estava com o jovem Thiago Flausino, de 13 anos, em uma moto revelou como foram os últimos momentos antes do adolescente ser baleado e morto por policiais na Cidade de Deus. O caso completou dois meses no sábado (7).
A testemunha disse ao MP que nenhum dos dois estava armado ou trocou tiros com os agentes.
O Ministério Público do Rio investiga a possível participação de um capitão do Batalhão de Choque na ação policial que terminou com a morte do jovem. Ele já foi denunciado por prevaricação e fraude processual por omissão.
O caso, que aconteceu no dia 7 de agosto, é investigado pelo MP como homicídio doloso. Os dados dos celulares apreendidos pela Corregedoria da PM estão sendo analisados.
Segundo alegaram os policiais em depoimento à Corregedoria da corporação, Thiago estava armado com uma pistola. No entanto, o MP afirma que há indícios de que a arma foi “plantada”.
Um dos agentes disse que foi solicitado o uso de um carro particular para obter imagens no interior da Cidade de Deus, com dois drones de propriedade particular
De acordo com o depoimento ao MP, um homem dirigia a moto com Thiago na garupa pela Cidade de Deus. Os dois caíram depois de passarem com a moto por cima de pedaços de entulho. Segundo o relato, Thiago e o homem que dirigia a moto estavam rindo no chão antes de se levantarem.
Pouco depois, um carro prata descaracterizado parou próximo a eles, e o motorista do veículo atirou utilizando uma arma longa.
A testemunha afirma que ainda gritou: “Morador, Morador”, mas os tiros continuaram, e Thiago acabou baleado na perna e nas costas. Um outro disparo perfurou as duas canelas do jovem.
A testemunha contou que foi atingida na mão e se escondeu dentro da comunidade. Ela ainda relatou que um caveirão da Polícia Militar circulou pela comunidade naquela noite.
Acusações contra os PMs
Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos foram presos e denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por crime de fraude, pois apresentaram uma pistola e munição, atribuindo os itens à vítima.
Já o capitão Diego Geraldo de Souza, que comandava a ação, não foi preso. No entanto, ele foi afastado da função pública. Ele também foi proibido pela Justiça de entrar em qualquer unidade da Polícia Militar.
Posteriormente, os policiais foram soltos pela Justiça, a pedido do MP. Na sua decisão, o juiz Leonardo Picanço decretou medidas cautelares para conceder a medida, como a proibição de contato com a família da vítima e a suspensão de trabalhos externos dos PMs.