Temporal, mortes, quedas de árvores e apagão colocam o Congresso Nacional em alta tensão para aprovar o Projeto de Lei sobre fiações subterrâneas de energia

“Estamos falando de mortes por eletrocutamento, perdas de alimentos em geladeiras devido à falta de energia por conta de apagões, prejuízos no comércio que depende de refrigeração para manter estoques e até interrupções em serviços essenciais, como hospitais’, sensibiliza o parlamentar Marcelo Crivella

Chuvas, alagamentos, apagões e estabelecimentos sem energia continuam chocando o Brasil e faz o Congresso Nacional pedir urgência para minimizar os impactos futuros. Diante desse cenário, o deputado Marcelo Crivella reapresentou um projeto de lei que obriga as concessionárias a substituírem as redes aéreas de distribuição de energia por fiações subterrâneas.
A proposta foi protocolada originalmente em 2011, quando Crivella era senador, mas foi arquivada após as concessionárias solicitarem uma audiência pública que nunca ocorreu.
Agora, como deputado federal, o republicano reapresentou o projeto em outubro do ano passado, após o apagão que deixou milhões de pessoas sem energia elétrica no país. Para o parlamentar, o debate não pode mais ser adiado diante dos números alarmantes.
Um levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostrou que, nos últimos anos, foram registradas cerca de 36 mil ocorrências envolvendo a fiação da rede elétrica e de telecomunicações durante temporais. Mais de 4 mil pessoas perderam a vida, enquanto outras sofreram com a falta de energia dentro de casa.
O apagão duplo – da vida e da força – reacendeu a necessidade de enterrar os fios da rede elétrica. Atualmente, menos de 1% da fiação das ruas brasileiras é subterrânea.
A proposta que tramita no Congresso Nacional prevê a modernização dos serviços de energia elétrica em cidades com mais de 300 mil habitantes, com prazo de quatro anos para implementação. “Se seguirmos o exemplo dos EUA e da Europa, que reduziram a fiação aérea para evitar riscos à vida das pessoas, deixaremos um legado para as futuras gerações”, defende Crivella.
Além do impacto para as próximas gerações, o parlamentar menciona a importância da mudança para eventos internacionais, como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). “A COP será em novembro. Este é um ano crucial para que o Brasil adote medidas preventivas e se torne menos vulnerável às mudanças climáticas, que afetam diretamente as redes aéreas de distribuição de energia e a vida das pessoas”, conclui Crivella.
Especialistas garantem que a rede subterrânea apresenta menor probabilidade de interrupção de energia, pois seus componentes são à prova d’água, não param de funcionar em caso de alagamentos e evitam mortes por descarga elétrica.
Cenário: Brasil perde “força” no cenário internacional e está entre os países com mais apagões
Segundo pesquisa do Ipea, o Brasil tem uma média de apenas 0,4% de linhas de energia enterradas, contra cerca de 20% nos Estados Unidos.
Atualmente, menos de 1% da rede elétrica brasileira é subterrânea. São Paulo tem apenas 60 quilômetros de cabos aterrados, enquanto cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm 11% e 2%, respectivamente.
Enquanto na Europa o tempo médio que uma residência fica sem luz é de 12,2 minutos por ano (mesmo com a crise energética causada pela guerra na Ucrânia), na maior cidade brasileira algumas famílias relatam ficar mais de quatro dias sem energia.
Exemplos internacionais:
Paris: A capital francesa começou a instalar sua rede elétrica subterrânea em 1910. Toda a fiação da cidade está no subsolo há mais de 60 anos, organizada em túneis subterrâneos.
Nova York: Já possui 71% de seu cabeamento enterrado, totalizando cerca de 150 mil quilômetros de fios subterrâneos e quase 60 mil quilômetros de cabos aéreos.
Buenos Aires: Desde a década de 1950, a cidade avança na substituição da fiação aérea pela subterrânea.

By Balcão da Notícia

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