SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com estreia prevista para setembro na Globo, a série “Amor e Sorte” traz histórias de quatro duplas de atores “quarentenados” -sendo o último formado por mãe e filha que cumprem juntas o isolamento social- bem ao estilo “dramédia” (drama com comédia).
Idealizada por Jorge Furtado, os episódios têm duração de 25 minutos cada um e foram gravados pelos protagonistas de cada história em suas próprias casas, de forma remota. As tramas têm objetivo de fazer rir e passar mensagens de esperança sobre a pandemia do novo coronavírus.
Um dos episódios é protagonizado por Taís Araujo, 41, e Lázaro Ramos, 41. Com a casa de três andares onde vivem como cenário, eles interpretam um casal confinado que, ao divergir sobre uma questão ideológica, chega a uma grande discussão matrimonial turbinada pelos nervos à flor da pele.
“A gravação da série foi a virada de humor da nossa pandemia. O trabalho é cura para nós. Foi um remédio. Nosso humor mudou a maneira de encarar esse novo mundo. Estávamos à deriva, perdidos, nervosos e instáveis, e agora a chave virou”, afirma Taís.
Lázaro Ramos também diz que o projeto feito de casa fez bem aos dois. “O trabalho faz bem a nós. Quando soube que teríamos de gravar de casa em meio a uma pandemia, achei que não daria certo, mas isso trouxe saúde à nossa relação.”
Cada episódio terá tema, atores e autor diferentes. No episódio de Taís e Lázaro, os personagens aos quais eles dão vida abusam dos dramas do dia a dia e, segundo Taís, a identificação do público com o tema será imediata.
“A minha personagem é uma montanha-russa de emoções, e eu estava igual a ela, bem abalada psicologicamente. Por isso fiquei encantada. São personagens que exalam comédia, mas também mostram drama profundo. As pessoas, assim como eu, vão se identificar. Naquele momento da gravação eu estava à flor da pele, então a personagem começa acima do tom. É divertido”, define.
Para gravar “Amor e Sorte”, os dois tiveram de fazer praticamente tudo sozinhos: maquiagem, troca de figurinos, arrumação de cenários, foco de câmera, luz e enquadramento. Remotamente, a direção ajustava os detalhes para que tudo ficasse da melhor forma. O texto é de Alexandre Machado, um dos criadores da série “Os Normais” e “Shippados”, ao lado da mulher, Fernanda Young, que morreu em agosto de 2019.
“O cenário e o foco estão ótimos, mas a atuação está bem ruim”, diz Ramos, em tom de brincadeira, ao revelar que Taís leva jeito para direção fotográfica. “Mas, falando sério, foi um dos trabalhos que eu mais tive prazer em fazer por conta do desafio. Foi trabalhoso, a pior parte foi subir caixas e mais caixas que foram enviadas a nós pelos lances de escada da casa, mas ficou incrível”, comemora.
Primeiro projeto após a morte da mulher, Machado relembra o amor e a sorte que envolveram este relacionamento. “Conhecer Fernanda foi a melhor coisa da minha vida. Em todos os sentidos. Amorosamente, profissionalmente, espiritualmente, existencialmente. Ninguém aproveitou mais a Fernanda do que eu, foram 25 anos casados, muita sorte, realmente. Eu não seria 10% do que sou se não fosse por ela.”
“Na verdade, não estaria nem vivo se não fosse por ela. Não teria esses quatro filhos, que hoje são tudo para mim. Mas não foi apenas sorte, porque nós dois nos dedicamos a ter um projeto de vida que foi muito além de marido e mulher. Foi não, continua sendo, pois ainda continuo no mesmo projeto traçado por ela. E pretendo encontrar com ela em muitas outras encarnações”, diz o escritor, ao acrescentar que haverá uma pequena dedicatória a ela: “Escrevi o texto para ela”.
MAIS TRAMAS DE ‘AMOR E SORTE’
Além da história protagonizada por Taís Araujo e Lázaro Ramos, “Amor e Sorte” terá mais três episódios independentes, com atores e autores diferentes. São tramas que envolvem outros casais da vida real e também mãe e filha -tudo para continuar produzindo conteúdo inédito de dramaturgia, sem que os profissionais tenham de contracenar com outras pessoas.
“A ideia surgiu da necessidade de inventar. Lembrei que têm vários atores que estavam quarentenados juntos por serem casados ou por serem família. É um jeito de enfrentar essa pandemia com mensagem positiva de histórias que falam deste momento triste, mas com esperança”, afirma o supervisor de texto da série, Jorge Furtado.
Caio Blat e Luisa Arraes protagonizam o segundo episódio “A Beleza Salvará o Mundo”, interpretando texto escrito por eles próprios e de Furtado. Na trama, os atores interpretam Manoel, um engenheiro químico aspirante a diretor de cinema, e Teresa, uma atriz. Eles se conhecem justamente no fim de semana em que o isolamento social começa.
Em outro episódio, que ainda não teve o nome divulgado, Emilio Dantas e Fabiula Nascimento protagonizam a história de um casal que caminha para o divórcio quando o isolamento começa. O texto é assinado pelas autoras Jô Abdu e Adriana Falcão, que têm em comum séries de sucesso no currículo, como “A Grande Família”.
O quarto episódio será protagonizado por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres e é o único que não se enquadra na produção remota. Com direção de Andrucha Waddington, marido de Fernanda Torres, as imagens foram feitas pelos filhos do casal, Pedro e Joaquim. Na trama, mãe e filha precisam lidar com o isolamento social e seus fantasmas do passado. O texto é de Antônio Prata, colunista da Folha, ao lado de Chico Mattoso, Fernanda Torres e Jorge Furtado.