Com retorno das aulas adiado para outubro, a rede privada de educação infantil da cidade de São Paulo pode perder cerca de 500 mil vagas. A projeção é do Sindicato dos Estabelecimentos Mantenedores de Escola de Educação Infantil do município, que ainda calcula o desemprego de 222 mil professores. Segundo a entidade, até o fim de maio, 56% dos alunos trancaram ou cancelaram as matrículas. O presidente do sindicato, Eliomar Pereira, afirma que a situação deve piorar nas próximas semanas. “O número de desistências, de trancamentos e de pais que já não pagam mais mensalidades já está superior a 80%”, afirma.
A administradora Letícia Rocca é mantenedora de uma escola de ensino infantil e também perdeu alunos. Ela garante que é possível adaptar o local para receber as crianças com segurança e defende que o retorno imediato e gradual. “Tem que ser opcional, mas se eu tenho uma criança que precisa voltar para a escola, eu preciso ter essa possibilidade de atender a criança, não posso deixar ela de lado. Então tem que ser opcional, gradual e com protocolo, mas entendemos que as famílias que precisam da gente precisam ter esse suporte e apoio”, explica a administradora.
Enquanto isso não acontece, com as escolas ainda fechadas e a reabertura da economia, os pais acabam recorrendo a espaços alternativos para deixar os filhos durante o período de trabalho, como o espaço da Tia Rose. Inicialmente, nos três primeiros meses da pandemia, as 16 crianças também abandonaram o lugar. Com os pais voltando a trabalhar, alguns já retornaram e responsável pelo local afirma que o restante volta em breve. “Muitas crianças que estavam com quatro, cinco anos os pais já tiraram da escola, não vão voltar. Aí já até falaram que antes as crianças ficavam meio período [no espaço da Tia Rose] por causa da escola, agora vão ficar o dia todo [pela falta do período escolar]”, afirma. Quando retornarem, as escolas deverão cumprir regras de distanciamento e limitar a ocupação a 35% da capacidade.
*Com informações da repórter Nanny Cox