Série costura depoimentos para celebrar os 70 anos da televisão no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Muitos aniversários passaram em branco durante a pandemia de coronavírus. Sem poder festejar ou soprar as velinhas, os aniversariantes dos últimos meses tiveram de se adaptar. Foi isso que precisou ser feito também com uma comemoração ilustre -a dos 70 anos da televisão brasileira, no dia 18 de setembro.

 

Para celebrar a data, a TV Cultura lança, um dia antes, a série documental “Os Campeões de Audiência”, que vai reconstruir as sete décadas dos televisores no Brasil por meio de depoimentos de personalidades marcantes deste meio.

A preparação para a homenagem coincidiu com o avanço da Covid-19. O diretor do programa, Henrique Bacana, precisou enfrentar o distanciamento social não como uma limitação, mas como um desafio extra. Dessa forma, montou “Os Campeões de Audiência” com trechos das videoconferências que surgiram como alternativa para a gravação do documentário.

“Em meio a esse cenário, a gente acabou costurando e formatando a série de uma outra maneira. Essa limitação que surgiu acabou favorecendo uma linguagem diferente”, diz Bacana. “A cada cinco anos a gente vê alguém contar a história da televisão no Brasil. O que muda agora é que nós fugimos da narrativa linear e cronológica, então ‘Os Campeões de Audiência’ foi construído a partir da memória afetiva dos entrevistados.”

Ele destaca que o momento atual de pandemia reforçou os laços entre os brasileiros e a televisão e, pelo que ouviu das personalidades que povoam a série, é cético quanto à sua perda de força para o streaming.

“Existe esse fantasma que diz que a TV vai acabar, mas a gente está vivendo um capítulo fundamental da história da televisão brasileira, em que ela passa a ter uma participação muito importante, uma relevância muito grande na vida das pessoas”, afirma. A gigantesca popularidade dos rostos de “Os Campeões de Audiência”, diz ele, confirma que o meio televisivo continua forte por aqui.

Estão na série personalidades de diversas áreas. Dos infantis, aparecem Xuxa e Angélica. Do entretenimento, Pedro Bial, Luciano Huck, Raul Gil e Zeca Camargo. Do jornalismo, Datena, Vera Magalhães e Daniela Lima. Do esporte, Raí e Cleber Machado. Tom Zé é um dos representantes da música, enquanto Lilian Pacce e Rita Lobo ficam com moda e culinária. Entre as participações do alto escalão estão Boni e Silvio de Abreu.

A lista da dramaturgia é a maior de todas, com nomes como Laura Cardoso, Eva Wilma, Betty Faria, Cassio Scapin, Lima Duarte, Nicette Bruno, Susana Vieira, Ney Latorraca, Taís Araujo, Zezé Motta e a ex-secretária especial de Cultura e eterna namoradinha do Brasil, Regina Duarte.

“O fio condutor da minha conversa com ela foi esse título de namoradinha, chegando até as Helenas que ela viveu nos folhetins do Manoel Carlos. Ela me pareceu saudosa [em relação às novelas], e ela manifesta isso”, diz Bacana sobre a conversa com Regina Duarte. Uma das atrizes mais bem-sucedidas da TV, ela rompeu um contrato de mais de 50 anos com a Globo para entrar numa aventura fracassada pelo governo federal, no começo do ano.

Bacana diz ainda que as histórias dela e de seus outros entrevistados se confundem com a da própria televisão no Brasil. Por isso, decidiu que “Os Campeões de Audiência” não deveria se prender a um roteiro clássico de documentário.

“Nós escolhemos esse nome porque queríamos que o telespectador conversasse com esses campeões. E foi a partir do décimo convidado [entrevistado] que eu descobri esse formato, o que me deu tranquilidade, porque percebi que não precisaria chegar a uma conclusão com essa série –afinal, essa é uma história que não tem fim.” Ao ser questionado sobre as figuras ilustres da TV que gostaria de ter entrevistado e não conseguiu, ele não titubeia -Garibaldo. “É onde está a minha memória afetiva da televisão, mas eu tenho o privilégio de estar na emissora que exibiu o programa [‘Vila Sésamo’]. Mas todos os entrevistados foram especiais.”

Até porque, reforça ele, é difícil pensar em alguém que não tenha uma conexão íntima com a televisão no Brasil, país onde apenas cerca de 3% dos lares não têm um televisor, de acordo com o IBGE.

“Como seria o Brasil sem TV? É impossível de imaginar, porque todas as coisas sobre as quais falamos, a TV espelha de alguma forma. Mais do que isso, o que seria de alguns ídolos, como o Ayrton Senna, sem a TV? Eles existiriam, mas não sei se teriam a mesma popularidade.

“OS CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA”
Quando: Estreia no 17 de setembro, às 22h15
Onde: TV Cultura

By Ewerton Souza

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