O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, considera injusta a maneira com que algumas medidas criadas pela pasta na Floresta Amazônica são divulgadas no Brasil. Em entrevista ao programa Os Pingos Nos Is, da Jovem Pan, Salles deu exemplos de programas que poderiam ser divulgadas de forma mais “justa” pela cobertura nacional e internacional.
“O Brasil tem o primeiro programa mundial em que você faz o pagamento de um PSA – pagamento por serviços ambientais. O Floresta Mais. No Brasil, temos o Código Florestal, que nenhum outro país tem, e no bioma Amazônico, 80% da propriedade tem que ser mantida. No Cerrado, são 35%, e nos outros biomas, 20%. É justo que se remunere o proprietário pelo serviço ambiental que esta reserva legal e a recuperação das áreas de proteção permanente prestam ao clima”, disse. “Pusemos R$ 500 milhões para remunerar quem faz as coisas de forma correta na Amazônia, e queremos, se houver recursos, expandir para outros biomas.
Salles também citou um programa de rastreio de toda a madeira cortada no país. “O Sinaflor, por exemplo, permite saber de onde vem a madeira através do georeferenciamento. Você sabe qual volume da madeira cortada, cada tora recebe uma etiqueta, e com isso é possível rastrear desde o plantio até o destino. O Brasil tem muitos programas pouco divulgados”, afirmou.
Para o ministro, a discussão sobre como a Amazônia será “cuidada” está sendo colocada em voga pela primeira vez sob a gestão do presidente Bolsonaro. “A discussão está em cima da mesa pela primeira vez. Como vamos cuidar da Amazônia, quem vai trazer o desenvolvimento econômico sustentável na região, gerar emprego? Nao é distribuir dinheiro pra acadêmico fazer pesquisa que nunca termina, ou para ONG fazer seminário na Europa para discutir a Amazônia. É criar emprego lá”, afirma.
“Qual é a grande industria farmacêutica na Amazônia? Nenhuma. Qual grande empresa de cosmético que trabalha com a biodiversidade?”, questiona Salles. “Como vamos colocar de pé o ditado, que é verdade, que ‘a floresta em pé deve valer mais que a devastada’, que ‘a biodiversidade vale mais que a devastação’ – que nós concordamos. A pergunta que fica é: e as pessoas?”. Salles disse concordar com a afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, que em Davos disse que “a miséria é a maior inimiga do meio ambiente”: “é perfeita”.
“Você vai no entorno de Manaus e vê as favelas, as pessoas vivendo em meio ao esgoto e ao lixo, meninas menores de idade gravidas com problemas de saúde gravíssimos. Quem pensou em cuidar das pessoas? É o presidente Bolsonaro que está suscitando essa questão”.
Queimadas na Amazônia
Em relação às queimadas que assolam o país nos últimos Dias, Salles disse que a questão é de responsabilidade das polícias nos estados, e que devem ser investigadas. “A Policia Civil e a Federal estão aí para investigar quem colocou fogo, e se comprovado, deve ser punido, é crime. Agora, não podemos desconsiderar os aspectos climáticos e decorrentes da ausência do fogo preventivo, da limpeza, e da ausência de medidas efetivas. Tudo isso se soma em um momento de calor, tempo seco e vento forte, que faz esse fogo ser cada vez mais propagado”.
Assembleia Geral da ONU
No próximo dia 22, o presidente Jair Bolsonaro deve abrir os discursos das autoridades internacionais na Assembleia Geral da ONU. Por conta da pandemia, os chefes de Estado participam do evento de forma virtual, e não na sede da Organização, em Nova York. Salles acredita que Bolsonaro fará um pronunciamento nos mesmos moldes do apresentado em 2019, pautado na “sinceridade”.
“O presidente tem a característica de dizer o que pensa. Ele tem uma obrigação de atender o brasileiro. Tenho impressão que o discurso deste ano será novamente de posicionamento, de franqueza, de enfrentamento a temas frente a frente. Evidentemente, isso inclui a questão ambiental, mas chamando atenção para os pontos de verdade, sem arrogância em se dizer o dono da verdade”, conta. “Ele está muito tranquilo em relaçao a convicção que o Brasil é um dos países que mais preserva o meio ambiente no mundo. Nossa matriz energética é limpa, enquanto a dos europeus é suja. Temos o etanol, exemplo para o mundo. E eles continuam queimando combustível fóssil”, lembrou.