Pivô da fúria do presidente contra a equipe econômica por ter antecipado medidas ainda não decididas para financiar o Renda Brasil, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, pode ser despachado para ocupar uma vaga do Brasil num organismo internacional.
A mudança vem sendo avaliada no Ministério da Economia depois que o presidente Jair Bolsonaro disse que daria o cartão vermelho para quem propusesse medidas como congelar aposentadorias por dois anos.
Enquanto a vaga no exterior não aparece, o governo fez uma tentativa de esvaziar o assunto. O discurso é de que o alerta contundente de Bolsonaro deixou o jogador pendurado, mas não significou que foi determinada a expulsão.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também não pretende demitir o auxiliar, mas fez uma alerta aos seus secretários de que “quem fala demais, dá bom dia a cavalo”. O recado do ministro para equipe foi direto: ele não vai segurar ninguém que driblar a “lei do silêncio” no cargo. A partir de agora a regra é clara: quem divulga as medidas que o governo vai tomar é a comunicação.
A saída “à lá Weintraub” (o ex-ministro da Educação que ganhou um cargo no Banco Mundial, em Washington, porque falou demais) pensada para Waldery, porém, não será imediata. Na aliança do governo Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a eleição da presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil deverá ter mais dois postos no organismo multilateral.
O secretário Especial de Produtividade, Carlos da Costa, é cotado e poderá ser indicado para a primeira delas. Os currículos estão sendo analisados. O Brasil também espera apoio para uma indicação ao IFC, um os braços do organismo internacional, com dezenas de candidatos de outros países.
Auxiliares do ministro Paulo Guedes afirmam que não houve nem pedido de demissão feito pelo secretário especial, nem tentativa do ministro de dispensar seu auxiliar.
Embora Waldery esteja longe de ser uma figura unânime na Esplanada dos Ministérios, ele tem a confiança de Guedes. O secretário segue no posto até segunda ordem e despachou normalmente ontem.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o pedido do Planalto é para evitar vazamentos e “balões de ensaio”, uma espécie de teste público do potencial de aceitação de ideias que ainda estão sendo gestadas dentro da Economia.
A avaliação é que a divulgação de medidas que são ainda apenas estudo técnico dentro da área econômica atrapalha a estratégia política do presidente, que tem buscado sustentar seu recente aumento de popularidade na esteira do auxílio emergencial criado na pandemia da covid-19.
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