Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta segunda-feira (17), o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, defendeu a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha de pagamentos, que, agora, está em debate no Congresso. Para ele, diante da crise econômica, é ideal que haja esse benefício para as empresas. “Havia uma desoneração de alguns setores importantes, uma substituição do INSS sobre a folha, compensado com percentual sobre o faturamento da empresa. Isso já estava acontecendo. Havia um aumento de competitividade nesse sentido. O presidente vetou e está no Congresso, há um movimento de derrubar esse veto para que volte até 2021 a possibilidade dessas empresas desses setores continuarem pagando esses percentuais sobre o faturamento e não sobre a folha. Está no debate do Congresso, nós defendemos o retorno desse benefício a esses setores, como era previsto. Considerando que estamos numa pandemia, não me parece de bom senso mexer nestes setores de mão de obra extensa, o ideal seria retornar, derrubando o veto presidencial.”
Outra questão importante é a reforma tributária. Skaf demonstrou preocupação com uma possível recriação da CPMF: “Em relação à reforma Tributária, fala-se em desonerar, mas criando um imposto que lembra a CPMF, que é invisível nos preços (…) . Apanhamos com a CPMF, começou com uma alíquota, mas dobrou em pouco tempo. Ela onera mais pobres e pesa em cima dos investimentos e exportações. Temos restrições quanto ao imposto. Mas a reforma tributária é complexa, cada setor tem sua visão, queremos uma reforma, mas não com aumento de impostos, tem que ser pro bem, o momento é preocupante, já que o Governo Federal tem suas contas complicadas e os estados estão quebrados. O perigo é fazer a reforma neste contexto. É preciso cautela.”
Skaf esteve com Bolsonaro em solenidade que levou missão ao Líbano após a tragédia da explosão em região portuária no país. O presidente da Fiesp afirmou que não conversou com Bolsonaro sobre o teto de gastos – assunto polêmico que vem tomando a pauta econômica no Brasil. Ele, inclusive, comemorou o gesto de solidariedade: “Há relação muito próxima entre os países, diante de uma tragédia, a solidariedade se acentua. Foi uma missão ao pé da letra. Saímos na tarde de quarta, 23 horas de viagem em um cargueiro com 6 toneladas de remédios, e sexta à tarde voltamos para o Brasil, foram apenas 24 horas lá. Estivemos com as lideranças religiosas, presidente, primeiro-ministro, fomos ao porto, visitamos a cidade, vimos pessoas desalojadas e entregamos esse primeiro avião ao exército libanês. O trabalho continuar com a comunidade libanesa no Brasil, e estamos organizando a logística para enviar novas doações.”
“Essa última explosão foi do porto, mas outras existiram antes, de modo figurativo. Economia, área social e política. Foi a gota d’água. O primeiro-ministro pediu demissão e está interino até a escolha do próximo, é uma situação complicada. Independente da situação que deixou mortos e desabrigados, já havia um problema bastante grave, vão ter que encontrar seu caminho. Vamos colaborar emergencialmente, mas há um limite para nos envolvermos soberanamente. Michel Temer, que chefiou a missão, procurou, com cautela, tocar na importância da harmonia e união”, completou.