SÃO PAULO – O governo do Paraná anunciou que deve assinar um acordo nesta quarta (12) com a Rússia para produzir e distribuir uma vacina contra o coronavírus. O governador do estado, Ratinho Junior (PSD) deve encontrar Sergey Akopov, embaixador da Rússia no Brasil, amanhã para fechar o acordo.
O anúncio acontece no mesmo dia em que o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a vacina desenvolvida no país foi aprovada pelo Ministério da Saúde local. Esse foi o primeiro registro no mundo de uma vacina contra a Covid-19.
A informação foi confirmada por Jorge Callado, presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que será parceiro do Instituto Gamaleya, órgão russo que desenvolveu a vacina.
O acordo prevê que a vacina desenvolvida pelo governo russo – chamada de Sputnik V, em clara referência ao icônico satélite enviado ao espaço pela União Soviética – possa ser distribuída e produzida nacionalmente pelo Tecpar.
O passo seguinte será é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa, para que a agência brasileira libere a realização dos procedimentos necessários para os testes.
Callado ainda ressaltou que, embora a vacina tenha sido homologada na Rússia, a pesquisa vai continuar no Brasil, conforme o compartilhamento de informações entre russos e brasileiros. Porém, mesmo que tudo ocorra dentro dos protocolos previstos, a distribuição não deve ocorrer antes do segundo semestre de 2021.
“É importante não queimar etapas, e a investigação [científica] é fundamental agora. Como o termo prevê estudos e validações, não vejo a possibilidade de atrasos”, disse Callado ao canal de notícias GloboNews. “Antes da liberação, não há possibilidade de colocar nada em prática. Reitero que a prudência e a segurança são palavras-chave nesse processo”, pontuou o presidente do Tecpar.
A polêmica vacina desenvolvida na Rússia
Vladimir Putin, presidente da Rússia, clamou a vitória na corrida global para encontrar uma vacina contra o coronavírus e chegou a afirmar que sua própria filha havia tomado a droga. Segundo informou a agência de notícias estatal russa TASS, as autoridades do país aprovaram e devem começar a produzir em massa a Sputinik V.
Ainda de acordo com a mídia russa, a vacina será disponibilizada primeiro aos funcionários públicos da linha de frente da Rússia, como médicos e professores, antes de ser lançado ao público em geral, de acordo com relatórios
Segundo a agência de notícias Reuters, Putin chegou a afirmar que sabe que a vacina funciona de maneira bastante eficaz e que o medicamento passou em todas as verificações necessárias”, disse Putin citado pela Reuters.
Porém, muitos especialistas expressaram ressalvas sobre a vacina de Moscou nos últimos dias. Cientistas questionaram os resultados e disseram que o medicamento ainda não passou por ensaios de fase 3, considerados essenciais para garantir a segurança de uma vacina.
Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas do governo dos EUA, está entre aqueles que compartilham preocupações sobre o processo acelerado adotado pela Rússia na corrida para produzir um tratamento.
“Espero que os chineses e os russos estejam realmente testando a vacina antes de administrá-la a qualquer pessoa. Porque afirmar ter uma vacina pronta para distribuição antes de fazer o teste é problemático, na melhor das hipóteses”, disse Fauci em depoimento, segundo a CNN.
No depoimento, Fauci acrescentou que continua otimista de que os Estados Unidos serão capazes de produzir sua própria vacina até o final do ano, sem evitar ou burlar os padrões de segurança.
A crise do coronavírus levou as nações a uma verdadeira corrida tecnológica para serem as primeiras a desenvolver uma vacina.
Ou seja, estão em jogo, não só uma imunização para um das piores doenças virais dos últimos tempos, mas também uma influência geopolítica e um prestígio mundial, assim como muitos milhares de vidas.
A Rússia foi recentemente acusada pelos EUA, Canadá e Reino Unido de tentar hackear seus principais centros de pesquisa de coronavírus. O anúncio da Rússia está sendo tratado com cautela, já que o instituto que desenvolveu o tratamento divulgou apenas informações limitadas sobre a droga.
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