A Carla Ferreira trabalhou numa produtora de eventos durante dez anos até ser demitida em abril. Sem a renda garantida, a vida dela mudou bastante. Para cortar gastos, Carla precisou trancar a faculdade dos filhos, demitir a empregada doméstica e negociar o preço de alguns serviços. “Tive que cortar todos os gastos que eu podia, tanto com a assinatura de TV, plano de saúde tive que diminuir, bancos eu tive que negociar anuidade”, explica. Para não ficar parada, Carla resolveu vender as roupas que tinha no armário, ela tirou cerca de 300 peças para começar uma loja de brechó. O caso da produtora não é isolado e demonstra a situação de outros brasileiros. A crise provocada pelo novo coronavírus deve levar à maior queda do padrão de vida desde 1940. Um estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio de bens, serviços e turismo mostra que a renda per capita, ou seja, de cada indivíduo, deve cair até 8% neste ano.
No entanto, isso não significa que a queda será igual para todos os brasileiros. De acordo com o economista Fábio Bentes, as pessoas das classes mais baixas devem ser mais impactadas. “O Brasil tem uma distribuição de renda muito ruim. Você pode ter um processo de concentração que as famílias de renda mais alta têm um aumento de riqueza e as famílias de renda mais baixas têm uma perda de riqueza. É assim que as pessoas sentem a perda de uma qualidade de vida”, afirma. A expectativa, segundo Fábio Bentes, é que a economia comece a se recuperar no ano que vem. No entanto, o Brasil só deve se aproximar do nível de riqueza que havia antes da pandemia em 2022.
*Com informações da repórter Nicole Fusco