Durante a entrevista coletiva desta quarta-feira (29/6), a Organização Mundial de Saúde (OMS) reafirmou posicionamento em defesa do aborto seguro. A discussão internacional voltou à tona depois de os Estados Unidos derrubaram o direito federal ao procedimento.
“Todas as mulheres devem ter o direito de decidir quando se fala do seu corpo e da sua saúde. Ponto final. Aborto seguro é cuidado de saúde. Ele salva vidas. Restringi-lo só leva mulheres e meninas a procedimentos inseguros, que resultam em complicações a até a morte. A evidência é irrefutável”, afirma o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele afirma que as populações com maior impacto com a limitação do acesso ao aborto seguro são as mulheres pobres de comunidades marginalizadas. A cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan, diz que negar o acesso à interrupção da gravidez em serviços de saúde é como dificultar que uma pessoa receba um remédio que pode salvar sua vida.
“A falta de acesso não reduz o número de abortos. Se a mulher precisar, ela vai procurar como resolver. Vamos começar a ver o aumento da mortalidade e morbidade com essa decisão”, criticou a cientista.
O diretor-geral da OMS diz que a população mundial simplifica demais ao dizer que é apenas um direito de escolha. Além disso, ele afirma que é uma decisão sobre a vida e o futuro da mulher, e que não é uma opinião, é um fato comprovado por pesquisa científicas irrefutáveis.
Ghebreyesus afirmou estar preocupado com o impacto global da decisão norte-americana, e a considera um retrocesso. “Não esperávamos que essa mudança viesse dos EUA. Esperávamos que eles liderassem nesse assunto. Nos últimos 40 anos, a tendência global para mulheres é aumentar o acesso ao aborto seguro. A decisão da última semana foi um passo atrás, e nunca foi tão importante que a sociedade se una para proteger o direito da mulher de passar por um aborto seguro, em qualquer lugar”, conclui.