Enquanto não existe uma vacina efetiva na prevenção da Covid-19, será preciso que cidadãos de todo o mundo façam “alterações significativas” em seus estilos de vida. A avaliação é do diretor do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (8), Ryan disse que há um caminho para o fim da pandemia, mas que é preciso “continuar vigilante até lá”.
As declarações foram dadas no dia em que se completam 40 anos da erradicação da varíola, uma das doenças mais mortais da humanidade, e as autoridades da OMS lembraram que a atuação conjunta dos países na época deve servir de exemplo na luta contra a Covid-19.
“Precisaremos ter alterações significativas no nosso estilo de vida até o ponto de termos uma vacina e tratamentos. E isso não é de todo ruim”, afirmou, lembrando que a atual situação deve continuar por algum tempo. “Vimos benefícios para o meio ambiente e para a nossa conexão com outras pessoas. É um grande desafio, mas alguns países que saem do ‘lockdown’ podem oferecer esperança para outros.”
“Com solidariedade, vamos vencer essa batalha, ninguém está a salvo enquanto todos não estiverem salvos”, completou, enfatizando a necessidade de reforçar a saúde pública.
União mundial contra a varíola
As autoridades da OMS destacaram o trabalho coordenado da entidade e dos países-membos para erradicar a varíola, a primeira e única doença humana a ser erradicada globalmente. Ela existiu por mais de 3 mil anos e matou 300 milhões de pessoas apenas no século 20.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, lembrou que essa história, “a maior vitória da saúde pública do mundo”, deve inspirar na luta contra a pandemia do coronavírus, que já contaminou mais de 3,8 milhões de pessoas e causou 271 mil mortes.
Ele lembrou que o principal fator responsável para erradicar a varíola não foi apenas uma vacina, mas a solidariedade que permitiu sua distribuição e aplicação nos anos 1960 e 1970. Na época, durante a Guerra Fria, União Soviética e Estados Unidos se uniram para combater o vírus. “Eles reconheceram que o vírus não respeita fronteiras nem ideologias. Essa mesma solidariedade, construída na unidade nacional, é necessária agora mais do que nunca para combater a Covid-19”, disse.
*Com Estadão Conteúdo