A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta quinta-feira (5/5), um relatório com novas estimativas sobre as mortes causadas pela pandemia de covid-19. Segundo o documento, 14,9 milhões de pessoas morreram em decorrência da circulação do SARS-Cov2. O relatório usa o conceito de mortes em excesso para calcular o número de pessoas que perderam a vida direta ou indiretamente como consequência da emergência sanitária.
O número é quase três vezes maior que os dados oficiais divulgados pelos países, 5,4 milhões entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. Isso é explicado principalmente pela inclusão das mortes indiretamente causadas pela covid-19, não somente por subnotificação. A projeção leva em conta, por exemplo, o óbito de pacientes que tiveram tratamento médico recusado em momentos que os hospitais estavam superlotados.
“Estes números, que nos obrigam a refletir, ressaltam não apenas o impacto da pandemia, mas a necessidade de todos os países de investirem em sistemas de saúde mais fortes que possam sustentar os serviços essenciais de saúde durante as crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais sólidos”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Dez países foram responsáveis por mais da metade das mortes
Segundo dados do relatório, 84% das mortes em excesso se concentraram no Sudeste Asiático, Europa e Américas. Dez países puxaram o índice para cima e representam, sozinhos, 68% do total de óbitos em excesso. Na lista, estão inclusos os Estados Unidos e a Índia. Segundo William Msemburi, oficial técnico do Departamento de Dados e Análise da OMS, o caso indiano é emblemático.
Oficialmente, a Índia registrou 481 mil mortes por covid-19 em um período de 24 meses, mas, segundo os cálculos da OMS, o país teve 4,74 milhões de mortes em excesso, com uma variação de 3,3 milhões a 6,5 milhões. Isso é um resultado médio dez vezes maior que o divulgado pelo governo local.
Países de renda média foram os mais afetados pela pandemia
Em termos de mortalidade, os países mais afetados pela pandemia foram os de renda média-baixa (53% do total de mortes em excesso) seguidos pelos de renda média-alta (28%). As nações com alta renda foram responsáveis por 15% do total e as de renda baixa somaram apenas 5%.
A diferença percentual de mortes por gênero foi pequena, mas ocorreram mais óbitos entre homens (57%) que entre mulheres (43%). Por faixa etária, os idosos foram mais prejudicados, como os dados oficiais já pontavam.
“Medir o excesso de mortalidade é um componente essencial para compreender o impacto da pandemia”, explicou Samira Asma, diretora da OMS. Para o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, o levantamento aponta para a necessidade de “todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”. Segundo ele, essa é uma ferramenta para que o mundo aprenda a lidar com esta pandemia, mas também a se precaver em relação a pandemias futuras.