Seis dias após a morte do miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, conhecido como Pipito, em uma operação policial, a maior milícia do Rio de Janeiro já nomeou seu novo líder. Paulo David Guimarães Ferraz Silva, conhecido como Naval, foi escolhido para assumir o comando.
De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio, Naval é considerado um homem de guerra da milícia, conhecido por sua violência e envolvimento em diversos homicídios. Seu apelido é uma referência ao seu passado como fuzileiro naval.
“Após a captura de Pipito, monitoramos os movimentos da milícia e suas consequências,” afirmou João Valentim, delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), responsável pela prisão de Pipito.
Naval é suspeito de participar do assassinato de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, antigo chefe da milícia Liga da Justiça, em 2022. As investigações revelaram que Jerominho foi morto após o então líder da organização, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, descobrir um plano para retomar a liderança da quadrilha.
Segundo a Polícia Civil e a denúncia do MPRJ, Naval foi um dos executores de Jerominho e de seu amigo, Maurício Raul Atallah, em Campo Grande, em plena luz do dia.
Antes da morte de Pipito, as investigações indicam que Naval reforçou a região da Carobinha, que enfrentava investidas de traficantes do Comando Vermelho, além de proteger as comunidades sob seu comando, como Barbante e Vilar Carioca, contra ataques da mesma facção.
Agora, Naval também controla as comunidades de Antares e Rola, estratégicas para a milícia da Zona Oeste, que eram comandadas por Pipito.
“A percepção é que ele já exercia liderança na comunidade do Barbante e trabalhava em consórcio com Pipito. Com a morte deste, ele tende a unir ainda mais os grupos armados, que estão fragmentados,” analisou Fábio Corrêa, coordenador do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio.
Morte de Pipito
Pipito foi morto em 7 de junho durante uma operação da Polícia Civil do Rio na Favela do Rodo, em Santa Cruz, na Zona Oeste. A operação, conduzida pela Draco e pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), resultou em uma troca de tiros que deixou Pipito e seus seguranças baleados.
Antes de ser morto, Pipito tentou despistar a polícia trocando de carro várias vezes. Ele tinha uma função importante na milícia e estava sob investigação há anos, desde antes da morte de Carlinhos 3 Pontes, em 2017.
“Ele sempre foi um homem de confiança dentro da milícia e tinha muita importância no bando. Após a morte de Faustão no ano passado, ele se aproximou de Luiz Antônio, e Zinho lhe deu autonomia após se entregar,” explicou o delegado Willian Cavalcante, da Draco.