Segundo a revista americana Forbes, Safra era o brasileiro mais rico do mundo, com fortuna avaliada em 119 bilhões, tendo ultrapassado Jorge Paulo Lemann, fundador da AB Inbev, neste ano.
Mas, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, atualizado diariamente pela agência de notícias financeiras de mesmo nome, Safra era o 2º homem mais rico do Brasil e o 101º do mundo, com patrimônio de US$ 17,6 bilhões (R$ 90 bilhões). Neste ranking, Lemann aparece na frente, na 57ª posição, com fortuna de US$ 23,7 bilhões (R$ 120 bilhões).
Também era o banqueiro mais rico do mundo.
Judeu, Safra nasceu em 1938 no Líbano e imigrou para o Brasil na década de 60, para dar continuidade aos negócios de seu pai. A família tinha mais de um século de experiência no setor bancário.
Em 1969, casou-se com Vicky Sarfaty, com quem teve 4 filhos e 14 netos.
Sob seu comando e de seu irmão, Moise, o Banco Safra se tornou o sexto maior banco do Brasil. Em 2006, comprou as ações que pertenciam ao irmão e passou a controlar a instituição financeira sozinho. Moise morreu em 2014 aos 79 anos.
Atualmente, os filhos de Joseph comandam diferentes empresas do Grupo Safra.
Ao longo de sua vida profissional, Safra surpreendeu o mercado com aquisições de peso.
Em 2012, anunciou a compra do banco suíço Sarasin por US$ 1,1 bilhão, adicionando US$ 107 bilhões em carteira de clientes da Europa, Ásia e Oriente Médio.
Além disso, comprou um prédio de escritórios na famosa Madison Avenue, em Nova York, nos Estados Unidos, por US$ 285 milhões e o icônico edifício Gherkin em Londres, no Reino Unido, por cerca de US$ 1,15 bilhão.
Em 2014, adquiriu a Chiquita, uma das maiores produtoras de banana do mundo, junto com a Cutrale, líder na produção de laranja no Brasil.
Mas nem todos seus lances foram precisos.
Uma de suas piores apostas aconteceu durante a onda de privatizações da telefonia brasileira no fim da década de 1990, quando Safra, aliando-se à tele americana BellSouth, criou a BCP, primeira empresa a receber a permissão de explorar um espectro da rede de celular no Brasil, pondo fim ao então monopólio do sistema Telebrás.
Os primeiros anos foram de estrondoso sucesso, mas as receitas caíram e a empresa errou ao apostar numa tecnologia diferente da que se tornaria predominante no mercado de telefonia celular.
Operando no vermelho, a BCP acumulou dívidas e acabou vendida por cerca de US$ 650 milhões para o grupo do bilionário mexicano Carlos Slim, controlador da Claro, que viu nela uma oportunidade de entrar no mercado paulista.
‘Discreto e implacável’
Na vida pessoal, assim como o restante da família, Safra primava pela discrição: concedia poucas entrevistas à imprensa e nunca frequentou as colunas sociais.
Já no ambiente de trabalho, era considerado um investidor avesso a riscos, um trabalhador implacável e um patrão severo — telefonemas a executivos no meio da madrugada para concluir operações se tornaram “lenda” no mercado, assim como as joias que presentava às esposas deles, como forma de pedir desculpas pelas horas extras que fazia seus maridos trabalharem.
Safra costumava cultivar uma relação próxima a seus funcionários — que o chamavam pelo primeiro nome e de “Seu José”.
Fora do setor financeiro, também foi reconhecido no meio filantrópico com doações para hospitais, museus e à comunidade judaica.
“Foi um grande banqueiro, um verdadeiro empreendedor que construiu o Grupo Safra no mundo, obtendo sucesso por sua seriedade e visão de negócios. Foi um grande líder e muito respeitado dentro e fora da organização”, disse o comunicado divulgado pelo Grupo Safra.
“Viveu uma vida exemplar, simples e reservada, sem ostentação, longe da exposição geral. Sempre dizia ter muito orgulho da cidadania brasileira e de torcer pelo Corinthians.”
“Ao longo da vida foi um amante das artes e um grande filantropo, sempre empenhado em manter a tradição de devoção a causas dignas, uma marca distintiva dele. Ajudou muitas pessoas e apoiou inúmeras causas sociais, religiosas e culturais, tais como a construção e reforma de hospitais, creches, museus e templos religiosos de todas as fés”, concluiu o comunicado.
Em 2015, Safra foi citado na operação Zelotes da PF (Polícia Federal) — que investigava suposto esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) —, no SwissLeaks e na lista de clientes da empresa de consultoria do ex-ministro Antônio Palocci, que seria alvo da operação Lava Jato. Palocci acusou o Banco Safra de pagamento de ‘caixa dois’ (repasses para fora da contabilidade oficial) em campanhas eleitorais.
Em abril de 2016, Safra acabou denunciado por corrupção ativa pelo Ministério Público Federal (MPF), mas a Justiça arquivou a ação penal contra ele em dezembro do mesmo ano.