Walisson Cabral da Silva foi preso em Peruíbe (SP). Médico é acusado de estuprar a amiga de uma mulher com quem se relacionou em Campina Grande (PB). Defesa dele diz que aguarda um parecer do Ministério Público.
Um médico e policial militar reformado, de 38 anos, foi preso em Peruíbe, no litoral de São Paulo, acusado de estuprar uma mulher. Conforme apurado pelo g1, nesta quarta-feira (25), Walisson Cabral da Silva era considerado procurado da Justiça e foi condenado a seis anos e seis meses de prisão.
O crime aconteceu em abril de 2019, em Campina Grande (PB), dentro do apartamento onde ele morava, no bairro Jardim Paulistano. No entanto, a Justiça de Santos (SP) decretou, neste mês, um mandado de prisão contra o médico. Walisson foi detido na Estrada do Guaraú, no bairro Jardim Guaraú, em Peruíbe (SP). Um boletim de ocorrência sobre captura dele foi registrado na Delegacia Sede da cidade.
Segundo relatado no processo, o crime aconteceu em 27 de abril de 2019. A vítima estava junto com a amiga em um bar em Campina Grande quando, por volta das 22h, Walisson sentou-se à mesa delas e ‘ficou’ com a colega dela.
Os três teriam deixado o estabelecimento de madrugada, partindo em direção ao apartamento do homem. No local, segundo o documento, todos “continuaram ingerindo bebidas alcoólicas”. Após algumas horas, a vítima deixou Walisson com a amiga a sós e foi dormir em um dos quartos.
A vítima, então, acordou por volta das 6h com Walisson em cima dela, “já praticando a conjunção carnal com penetração”, de acordo com o processo. Ela relatou ter empurrado o homem, uma vez que o ato aconteceu sem consentimento.
Após se desvencilhar de Walisson, ainda segundo o documento, a vítima percebeu estar sem calcinha e sem o absorvente interno que usava. A mulher, então, chamou a amiga e ambas foram até uma delegacia na cidade para relatar o caso.
O laudo sexológico realizado pela vítima apontou conjunção carnal recente, embora não tenha identificado sinais de violência, conforme registrado no processo.
Preso e condenado
Walisson foi condenado a cumprir seis anos e seis meses de detenção, em regime inicial semiaberto, por decisão da 4ª Vara Criminal de Campina Grande (PB), em agosto de 2022.
O mandado de prisão, por sua vez, foi expedido pela Unidade Regional do Departamento Estadual de Execuções Criminais de Santos (SP), no último dia 19 de outubro. Walisson foi detido em Peruíbe (SP), no dia seguinte.
Policial e médico
Conforme registrado no processo e reforçado pela defesa de Walisson, o homem é policial militar reformado, tendo exercido a função no Estado da Paraíba antes de se concentrar na carreira de médico.
Ainda de acordo com o documento, Walisson trabalhou recentemente no Hospital Municipal de Bertioga (SP) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Peruíbe (SP).
Ao g1, a Prefeitura de Bertioga informou, por meio do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), que o médico estava com “documentação profissional regular e prestou serviço na unidade em eventuais coberturas e plantões a partir de junho”.
O município acrescentou que, neste mês, Walisson “deixou de fazer parte do quadro de plantonistas e já não faz mais parte da escala”. O Hospital Municipal de Bertioga ainda se colocou à disposição para colaborar no que for necessário.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Peruíbe, em busca de um posicionamento, mas não obteve um retorno até a última atualização desta reportagem.
Ao g1, a advogada Jamily da Costa Gomes Wenceslau, que representa Walisson, afirmou por meio de nota que o cliente foi condenado “simplesmente pela palavra da vítima”. “Sabe-se, que, crimes como estes a palavra da ofendida tem um peso maior comparado ao do acusado”, pontuou a advogada.
A defesa acrescentou que Walisson é um homem íntegro e jamais respondeu por qualquer outro tipo de processo, tanto é que foi considerado primário, pois respondeu apenas por este processo até os dias atuais.
A advogada afirmou que o cliente possui família e é um pai dedicado. “É médico na cidade de Peruíbe a qual possui o respeito de seus colegas e paciente”. A defesa ressaltou que o homem respondeu o processo em liberdade e sempre se colocou à disposição do juízo de origem.
Ela reclamou de como o processo foi conduzido. “Houve, no processo, a transferência com o nome e procuração desta advogada, porém, mesmo entrando em contato com a Vara, esta se manteve inerte em passar os dados do processo a qual foi distribuído no Estado de São Paulo”, acrescentou.
A advogada alegou que, mesmo tendo ciência de que Walisson desejava ter o acesso amplo ao processo, foi expedido “sem o conhecimento dele um mandado de cumprimento no regime semiaberto em um dia, e no outro houve o cumprimento”.
A defesa afirmou que, em audiência de custódia, Walisson ficou separado dos demais presos e recolhido ao Presídio Militar Romão Gomes por ser policial militar reformado. “O Sr. Walisson deixou a Polícia Militar para dedicar-se exclusivamente à Medicina, na qual vem desenvolvendo seu trabalho com muito zelo e recebendo elogios de pacientes e colegas de trabalho”, acrescentou a advogada.
Por fim, a defesa afirmou que aguarda um parecer do Ministério Público. “Walisson deixa claro que sempre foi um homem íntegro e que zela por sua imagem. O processo de origem, assim como foi conduzido à época, jamais pode manchar o seu nome”, concluiu.