O esporte tem tudo para sofrer mais uma baixa na TV Globo. Depois de abrir mão dos direitos de transmissão da Copa Libertadores da América e de ir à Justiça e deixar sob risco a exibição da Copa do Mundo de 2022, a emissora carioca tomou a decisão de não renovar o contrato com a Fórmula 1. Desta forma, é enorme a possibilidade de a principal categoria do automobilismo mundial sair da grade de programação da Globo pela primeira vez desde 1981, ou seja, depois de 39 anos.
O motivo para a não-renovação é financeiro. Nos últimos meses, a emissora e a Liberty Media, empresa americana responsável por negociar os direitos da F1, conversaram sobre a renovação do contrato, mas não chegaram a um valor que agradasse ambas as partes. A Globo não aceitou pagar o valor pedido pela Liberty Media, chegou a fazer outras propostas, mas não houve acordo. O principal empecilho, assim como acontece com Copa do Mundo e Libertadores, é o fato de os direitos de transmissão da F1 serem negociados em dólar, moeda que teve forte valorização frente ao real no decorrer do ano, principalmente por causa da pandemia do novo coronavírus.
Atualmente, as provas da Fórmula 1 na Globo são patrocinadas por cinco marcas. Considerando o valor cheio, a emissora faturou um valor elevado, de cerca de R$ 500 milhões, com a categoria em 2020. Além disso, não houve registro de queda de audiência recentemente, mesmo sem a presença de brasileiros no grid. Porém, internamente, a TV entende que os valores pedidos pela categoria estão fora do alcance em um momento de crise econômica. Por isso, Globo já até avisou aos patrocinadores que a F1 não será mais transmitida pela emissora a partir do ano que vem. Como a próxima temporada só deverá começar em março, não está descartada a possibilidade de as partes reabrirem negociações.
A TV Globo exibe a Fórmula 1 desde 1972. Em 1980, abriu mão da categoria e retomou as exibições em 1981, ano do primeiro título de Nelson Piquet. Desde então, a emissora carioca transmite a maior parte das corridas na grade de programação da TV aberta – houve casos, de exceção, em que as provas foram exibidas no canal fechado SporTV. Agora, especula-se que a empresa Rio Motorsports, que venceu a licitação para construir um autódromo no Rio de Janeiro, surge como principal candidata a assumir os direitos de TV da categoria no Brasil. Recentemente, a empresa adquiriu a transmissão da MotoGP e a repassou ao canal Fox Sports, do grupo Disney.