Um time de pesquisadores da ETH Zurich, na Suíça, descobriu que as células do câncer de mama se espalham para outras partes do corpo com maior eficácia durante o período da noite, enquanto o paciente dorme. O estudo, publicado na revista Nature nesta quarta (22/6), sugere que os tratamentos funcionariam melhor quando aplicados no final do dia.
A pesquisa investigou 30 mulheres com câncer de mama, sendo que nove tinham câncer metastático e não estavam passando por nenhum tratamento. Foram colhidas amostras de sangue às 4h e às 10h da manhã. Os resultados mostraram que 78% das células tumorais circulantes (CTC) foram encontradas na amostra da madrugada.
Os cientistas fizeram testes semelhantes em ratos que foram transplantados com tipos diferentes de câncer de mama, e descobriram que, dependendo do tumor, entre 87% e 99% das CTCs foram encontradas durante a noite. Essas células também estavam se aglomerando (o que aumenta as chances de formar um novo tumor) cerca de 278 vezes mais na amostra da madrugada.
“A maioria dos tratamentos de câncer não é desenhado para atacar a célula tumoral em um horário específico. Eles são pensados levando em conta que o tumor está lá e deve ser atingido a qualquer minuto. Agora, entendemos melhor e sabemos que o tratamento pode ser melhorado”, explica o cientista Nicola Aceto, um dos autores do estudo, em entrevista ao site New Scientist.
Ele afirma que os resultados fazem sentido: enquanto o sistema imunológico respeita o ciclo circadiano, diminuindo sua ação enquanto o indivíduo dorme, o mesmo não acontece com o câncer, que se reproduz em outro ritmo.
Os cientistas dizem que a descoberta levanta vários outros questionamentos, inclusive sobre se há um momento específico do sono quando as células tumorais se desenvolvem com maior facilidade, ou se o paciente deveria dormir mais ou menos para otimizar o tratamento.