Daniel Passaglia, na época com 19 anos, era estudante de Moda na Feevale, em São Leopoldo, foi às ruas para se manifestar contra o aumento das passagens. Hoje ele trabalha na prefeitura da cidade.
Em junho de 2013, Daniel Passaglia, na época com 19 anos, era estudante de Moda na Feevale, em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Daniel, um jovem gay, de uma cidade metropolitana do estado, foi um dos milhares de cidadãos que foram para as ruas manifestar seu descontamento com o aumento das passagens de ônibus em junho daquele ano. Era a primeira vez que ele participava de manifestações daquele tamanho.
O que não se esperava, é que a partir dos 20 centavos, outras demandas populares invisibilizadas pelos poderes começariam a ser reivindicadas.
“Quando a gente se encontra coletivamente naquela manifestação, onde existia uma indignação, começou a se encontrar tantas outras inquietações. Aquilo que a gente via na política, a falta de representação, a falta de pensar para o povo, que não eram decepções individuais, mas coletivas”, comenta Daniel.
Em 2017, Daniel ingressou na gestão municipal da sua cidade, como diretor de Políticas Setoriais da Secretaria de Direitos Humanos (Sedhu) de São Leopoldo, cargo que ocupou até 2022. Três anos após, em 2020 ele decidiu disputar sua primeira eleição como vereador, foi o candidato mais votado do partido, mas não se elegeu. Foram sete anos entre as manifestações e a decisão de tentar se eleger pela primeira vez. Hoje exerce o cargo de ouvidor municipal, cargo ligado à Prefeitura.
De acordo com as lembranças do ex-candidato, 2013 foi o pontapé inicial para que ele entendesse que havia necessidade de uma movimentação para que algumas questões sociais começassem a ter destaques.
O momento das manifestações serviu como partida para que o estudante e muitos outros jovens começassem a se organizar politicamente. Daniel, até então, não participava de coletivos ou qualquer outro grupo voltado a discussões sociais. Tudo se deu a partir de 2013, quando, segundo ele, “as indignações deixaram de ser somente nas redes sociais e começaram a ser esplanadas em encontros e fóruns”.
Em 2014, ele encontrou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB) um espaço que acolhia as pautas que ele tinha como necessárias, como combate a LGBTQIA+fobia, discriminação e uma política voltada aos direitos humanos. Naquele momento, o jovem passou a se organizar partidariamente e até hoje segue no mesmo partido escolhido há 9 anos.
“Isso foi quase um ano após as manifestações, eu precisava de um tempo pra maturar minhas ideias, para passar a frequentar espaços que eu conheci a partir de relacionamentos criados em junho do ano anterior”, disse Daniel.
Conforme Daniel compreendia os demais movimentos, passou a se colocar como uma pessoa que deveria estar não somente voltado para as pautas que o afetavam diretamente, mas também atento às carências em geral da população.
“Acredito que a partir das primeiras manifestações tivemos um sentimento que não daria mais para se omitir em relação à vida política e a tudo que estava acontecendo no nosso país. A escolha política que eu fiz trouxe responsabilidades, que eram de somar em lutas que às vezes não eram propriamente as minhas, mas como pessoa política era meu dever colaborar”, avalia.