A diarista Luzinete Andrade está na fila para fazer uma tomografia desde setembro do ano passado. A cada dia que passa a preocupação com as dores abdominais aumenta. “Eu tenho medo de ser outra coisa, porque eu queria fazer o exame mais rápido. Até agora espero chamar e não chama”, afirma. Se as filas por consultas e por exames já existiam antes da pandemia do coronavírus, agora, elas tendem a aumentar. Um levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar mostra que as empresas do setor perderam ao menos 327 mil clientes. De acordo com o Paulo Silvino Ribeiro, professor de Políticas Públicas da FESP-SP, esse é um reflexo do desemprego no país. “Não tenha dúvida, cresceu a demanda pela saúde na medida que cresceu o desempregou e aumentou o número de pessoas na informalidade. Então as pessoas que tinham convênio médico, ao serem dispensadas, elas perdem esse convênio”, reforça.
Já o médico Walter Cintra, professor de Administração de Serviços de Saúde da FGV, cita a demanda reprimida de pessoas que deixaram de procurar assistência médica por receio do coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, o SUS teve 388 mil cirurgias eletivas, ou seja, não urgentes, a menos em 2020 na comparação com os últimos cinco anos. “Os pacientes com doenças cronicas, diabéticos, hipertensos, por exemplo, deixaram de fazer seus acompanhamentos e cirurgias eletivas foram suspensas”, explica. De acordo com Walter Cintra, outro desafio do próximo prefeito ou prefeita deve ser a organização da campanha de vacinação contra o coronavírus. Embora ainda não exista uma data para a vacina ficar pronta, é esperado que ela saia já no ano que vem. “A prefeitura vai ter que se preparar para, assim que tiver a vacina, possa fazer um programa de vacinação em massa o mais rápido possível.”
*Com informações da repórter Nicole Fusco