Banqueiro é investigado pela polícia por possível sociedade oculta na Suzantur, que opera na região
O empresário José Garcia Netto, dono do Banco Caruana e da Cafac Sociedade de Fomento, está sendo investigado pela Polícia Civil pelo crime de lavagem de dinheiro. As autoridades também suspeitam que ele seja sócio oculto da Suzantur, concessionária de transporte público que opera em Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires.
O inquérito policial que apura o caso corre no DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), na Capital, e está a cargo do delegado Tiago Fernando Correia. O Diário teve acesso a ofício expedido pela autoridade ao juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, responsável pelo processo de falência da Itapemirim.
Fundada em 1953 pelo empresário Camilo Cola (1923- 2021), a Itapemirim foi uma gigante do setor de transportes rodoviários. Antes de decretar falência, em julho de 2022, faturava R$ 150 mil por dia. A massa falida foi arrematada pela Suzantur, cujo dono oficial é Claudinei Brogliato.
A polícia desconfia que Brogliato seja um laranja de Garcia Netto. Por isso, o delegado do DPPC faz diligências no sentido de estabelecer relações entre as empresas Suzantur, Caruana e Cafac, que tem sede em Santo André.
No ofício expedido ao juiz, em 4 de março deste ano, o delegado quer saber se o banqueiro, a Caruana ou a Cafac são credoras da Itapemirim. Correia explica as razões da consulta: “Consta dos autos, preliminarmente, que José Garcia Netto seria sócio oculto da empresa denominada Transportes Suzano Ltda ou Suzantur, cujo sócio formal seria Claudinei Brogliatto (sic)”.
O delegado também quer saber se, no processo de falência que corre na Justiça e que “conta com mais de cem mil folhas”, consta quem são os sócios da Suzantur, onde a empresa opera e a quantidade de funcionários. Tiago Fernando Correia questiona ainda “quem atua como administrador judicial da massa falida”.
Esta não é a primeira investigação sobre a Caruana. Em setembro do ano passado, o Banco Central encaminhou pedido à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para apurar denúncia de crime contra o sistema financeiro praticado pelo banco.
Inspeção feita por técnicos do Banco Central identificou que, entre janeiro de 2017 e maio de 2019, a Caruana realizou série de empréstimos financeiros a clientes que não tinham capacidade operacional de quitar os compromissos. Relatórios também apontaram a existência de maquiagem nos números para transformar prejuízo em lucro.
A equipe de reportagem do Diário entrou em contato com a Suzantur e com o Banco Caruana na tarde de ontem para ouvir as empresas sobre o assunto, mas ambas não haviam se posicionado até o fechamento desta edição.