A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg foi denunciada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol por ter gritado “Fora, Bolsonaro” após a conquista da medalha de bronze em uma etapa do Circuito Brasileiro, no dia 20 de setembro. A declaração ocorreu durante uma entrevista.
A denúncia se baseia nos artigos 191 e 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O primeiro, se refere a “deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição”, e o segundo, a “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código à atitude antidesportiva”. Ela pode ser multada entre R$ 100 e R$ 100 mil ou receber advertência, além de estar sujeita a um veto de uma a seis partidas e suspensão de 15 a 180 dias.
Nas redes sociais, Carol explicou a manifestação. “Meu grito foi pelo Pantanal que está em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano do governo. Pela Amazônia, que registra recordes de focos de incêndios. Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso e falta de respeito à ciência. Por ver um governo com desprezo total pela educação e a cultura. Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que ‘o racismo é algo raro no Brasil’. São muito absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós”, disse.
Para ela, “esse papo de que não se deve misturar esporte e política não dá mais”. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e a Comissão de Atletas e Vôlei repudiaram a manifestação política. Diversos atletas, porém, saíram em defesa de Carol, como a jogadora Fabiana, que ainda lembrou que a nota da CBV continha a palavra “denegrir”, de cunho racista. Desde o episódio, Carol sofre ameaças e foi alvo de fake news. Perfis bolsonaristas iniciaram uma campanha para que o Banco do Brasil deixasse de patrocinar a atleta, mas ela não tem apoio financeiro da instituição. O logo do BB no uniforme se refere ao aporte financeiro dado pelo banco público à CBV, organizadora do circuito.
* Com Estadão Conteúdo