O presidente Jair Bolsonaro participou nesta segunda-feira (24) do evento “Brasil vencendo a Covid-19“, em Brasília, para celebrar as medidas do governo federal contra a pandemia. Em discurso, Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença e elogiou a atuação de Eduardo Pazuello como ministro interino da Saúde. “Os secretários não têm reclamado”, disse o presidente. Pazuello é o terceiro ministro da pasta desde que o capitão reformado assumiu a presidência da República, em janeiro de 2019. “Como se muda de médico, eu mudei de ministro. Para não ter uma terceira mudança, deixei o general Pazuello como interino, entendia que a gente precisava de um gestor”, explicou, citando os trabalhos do militar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e na operação Acolhida, em Roraima, em 2018.
Dizendo que não iria criticar o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que saiu brigado do governo, Bolsonaro disse que o trabalho dele no começo da gestão era bom, mas depois os dois começaram a ter atritos. O presidente relatou um episódio que aconteceu em 2019 sobre a aplicação do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). Mandetta recomendou que o capitão assinasse um decreto permitindo que o exame fosse aplicado por universidades privadas, mas o presidente resolveu não seguir a orientação após ouvir médicos sobre o assunto. “O Revalida é uma coisa séria, mas ali ficou uma marca minha junto ao ministro. Não vou entrar em detalhe no que pensei naquele momento”, disse.
O ponto de inflexão entre Bolsonaro e Mandetta foi o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19. O protocolo do ex-ministro da Saúde dizia que o medicamento só deveria ser utilizado em casos graves, enquanto o presidente queria que fosse administrado em todos os casos da doença. A orientação foi mudada pelo também ex-ministro Nelson Teich e pelo atual. “O Pazuello resolveu mudar a orientação e botou ali então em qualquer situação receitar a hidroxicloroquina, de modo que o médico pudesse ter a sua liberdade”, comemorou.
Bolsonaro reconheceu que não há comprovação científica da eficácia da cloroquina contra a Covid-19, mas disse que teve uma experiência muito boa com o remédio. “O Mandetta dizia que não tem comprovação científica. Oras bolas, eu sei que não tem”, afirmou. “A grande verdade é que, quando eu tomei, no dia seguinte já estava bom”, continuou o presidente, que contraiu a doença. “Se a hidroxicloroquina não tivesse sido politizada, muito mais vidas poderiam ter sido salvas”, lamentou.