SÃO PAULO – A sinalização de uma postura favorável à manutenção da taxa de juros baixa por um período prolongado, com menor preocupação com a inflação, conhecida no mercado como “dovish”, e apontada pelo Banco Central na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (11), levou o Bank of America a revisar sua projeção para a Selic este ano.
O banco, que esperava uma manutenção da taxa em 2,00% ao ano, vê agora uma pausa nos cortes, até outubro, quando a autoridade monetária deverá, segundo os economistas do BofA, novamente cortar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 1,75% a.a..
A avaliação, segundo os economistas David Beker e Ana Madeira, que assinam o relatório do BofA, é a de que o BC precisa de mais tempo para analisar os riscos fiscais antes de voltar a reduzir juros, priorizando, desta forma, cortes espaçados.
Com um cenário incerto de crescimento pela frente e inflação baixa, compatível com a meta, eles afirmam que cortes adicionais na taxa de juros vão depender do debate acerca do teto de gastos, que já está começando a “esquentar”.
Também em relatório divulgado nesta terça-feira (11), o UBS concorda com o BofA em relação a uma postura mais “dovish” e cautelosa do Banco Central nos próximos meses.
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Os economistas do banco suíço, Tony Volpon e Fabio Ramos, escrevem em relatório que, apesar da maior força do consumo e dos investimentos, o setor de serviços, que representa cerca de 60% da economia, continua muito deprimido.
Além disso, a redução “necessária” do apoio governamental no final do ano aumenta a incerteza sobre a velocidade da recuperação (o risco de “abismo fiscal”), dizem eles no documento, no qual afirmam ainda que a pressão desinflacionária provocada pela recessão de 2020 deve ter uma duração maior do que na recessão anterior do país, no intervalo entre 2014 e 2016.
Diante dos riscos que o BC sinalizou existirem em caso de reduções adicionais da Selic, como de instabilidade nos preços dos ativos, novos cortes devem ser precedidos pelos últimos dados econômicos, e podem ser espaçados ao longo do tempo, apontam os economistas do UBS.
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