Em meio ao pagamento da última parcela do auxílio emergencial, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estuda dois cenários para a prorrogação do benefício. Em ambas das hipóteses discutidas com a Câmara dos Deputados, o valor de R$ 600 é mantido em setembro, com redução nos meses seguintes. Um dos caminhos é entregar mais duas parcelas de R$ 300 em outubro e novembro, sem nenhum pagamento em dezembro. Já a outra possibilidade prevê a redução escalonada do pagamento para R$ 500 em outubro, R$ 400 em novembro e R$ 300 em dezembro. No total, a primeira opção distribuiria mais R$ 1.200 aos beneficiários do programa, enquanto a segunda despenderia R$ 1.800.
O assunto tem pautado o debate entre assessores do presidente, técnicos do Ministério da Economia e deputados nas últimas semanas. Nesta quarta-feira, 19, Bolsonaro se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e a expectativa é que os novos valores sejam anunciados pelo Planalto nos próximos dias. A redução, no entanto, precisa ser aprovada pelo Congresso, já que a legislação que instituiu o auxílio emergencial só autoriza a prorrogação do benefício se for mantido em R$ 600. Nesta terça, 18, Maia afirmou que a manutenção do reforço de renda no valor integral “é muito difícil.”
Parte do governo defende manter o auxílio emergencial até dezembro para que a última parcela coincida com o lançamento em janeiro do Renda Brasil, o projeto de renda mínima que deverá substituir o Bolsa Família. A expectativa é que o novo programa social pague R$ 300 por mês aos mais vulneráveis, mas o assunto ainda está em debate e não tem previsão para ser apresentado. O auxílio emergencial é o pacote de ajuda mais caro lançado pelo governo federal no combate aos impactos econômicos gerados pelo novo coronavírus. O benefício já custou R$ R$ 254 bilhões aos cofres públicos — aproximadamente R$ 50 bilhões ao mês.
A manutenção do auxílio — que originalmente seria entregue por três meses, e foi prorrogado para mais dois —, gera discordâncias dentro da própria equipe presidencial. O ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre defendeu que as parcelas do reforço de renda aos mais vulneráveis fosse de R$ 200, semelhante ao já disponibilizado pelo Bolsa Família. Após pressão do Congresso, o valor foi aprovado em R$ 600. A redução, no entanto, gera discórdia pelos efeitos políticos. A extensão para mais dois meses do valor integral fez a popularidade do presidente bater recorde, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha na semana passada, e a retirada brusca desses valores pode impactar diretamente na imagem do governo, que já trabalha de olho na eleição de 2022.