Segundo Robson Cunha, cabo de energia é apontado como principal causador do acidente. No entanto, documento divulgado pelo Cenipa, no começo da noite desta segunda-feira (15), diz que ‘ julgamento do piloto no momento da aproximação da aeronave para pouso contribuiu para acidente’.
O acidente com o avião de Marília Mendonça, que provocou a morte da cantora e de mais quatro pessoas, não foi causado por erro do piloto e nem por falha da aeronave, informou o advogado da família da artista, Robson Cunha. O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi apresentado ao advogado na tarde desta segunda-feira (15), em Brasília.
(ATUALIZAÇÃO: Após a publicação desta reportagem, o Cenipa divulgou o relatório da investigação, em que aponta que “avaliação inadequada” do piloto contribuiu para o acidente. A reportagem foi atualizada às 20h45.)
“De modo geral, o Cenipa entende que não houve nenhum erro do piloto. Atitudes tomadas fora do plano de voo não são erradas”, diz Robson Cunha.
Segundo o advogado da família de Marília Mendonça, um cabo de energia é apontado como o principal causador do acidente, mas é preciso esperar a conclusão do inquérito realizado pela Polícia Civil (veja vídeo abaixo).
Entretanto, o relatório do Cenipa divulgado no começo da noite aponta que o julgamento do piloto no momento da aproximação da aeronave para o pouso contribuiu para o acidente. Segundo o relatório, “houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada”
As investigações do Cenipa não buscam apontar causas, culpados ou responsáveis pelos acidentes aéreos. O objetivo é evitar que acidentes se repitam.
A aeronave da cantora bateu em uma linha de distribuição de energia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) antes de cair. Segundo o advogado Robson Cunha, a partir do relatório do Cenipa, o indicado é que sejam colocados identificadores nas linhas de transmissão que passam próximo da pista em Piedade de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, onde ocorreu o acidente.
“Ainda que esteja fora do perímetro de segurança do aeroporto, para evitar novos acidentes”, aponta o advogado.
A família da artista não quis vir até Brasília para receber o relatório.
“A intenção da dona Ruth e dos familiares não é apontar culpados. A gente não está aqui na caça às bruxas. A posição dela sempre foi clara, nada disso daqui vai trazer a filha dela de volta. O objetivo de todos, na verdade, é que situações que aconteceram com a filha dela sejam evitadas, para que nenhuma família mais passe pela dor e pela perda que eles passaram”, diz o advogado.
No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave que transportava a equipe da cantora caiu em Piedade de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Tratava-se de um bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, com capacidade para seis passageiros.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo. Ele decolou do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia (GO), às 16h02min. O grupo voava em direção à cidade de Caratinga, onde a artista faria um show naquela noite.
Além de Marília Mendonça, morreram Geraldo Medeiros (piloto), Tarciso Viana (copiloto), Henrique Ribeiro (produtor) e Abicieli Silveira Dias Filho (tio e assessor da artista). A cantora partiu aos 26 anos, no auge da carreira, deixando o pequeno filho Leo.
Os cinco ocupantes da aeronave foram vítimas de politraumatismo contuso, de acordo com o médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos. As mortes aconteceram depois que todos já estavam no chão.