O professor aposentado José Maria e Silva quase não tem saído de casa. As poucas escapadas da quarentena por conta da Covid-19 são para ir ao mercado — mas, com tudo mais caro, o seu José já vê o que era um alívio virar dor de cabeça. “Numa garrafa de óleo de 900ml era R$ 3,64. Agora está R$ 5,64. É um absurdo. Eu tô com uma nota aqui que é praticamente a cópia do mês passado e já estou sentindo o drama da diferença”, disse. A promotora de vendas Elizabeth Dantas diz que o almoço está cada dia mais salgado. “O arroz, o leite, o leite condensado, o feijão. Aumentou muito”, disse. O arroz e o óleo de soja, que chamaram atenção dos consumidores, acumulam alta de 19,25 e 18,6% ao ano. O feijão, dependendo do tipo e da região, tem inflação acima dos 30%. De acordo com o IBGE, outros produtos como manga, cebola, abobrinha e leite longa vida subiram até 62%.
O economista da MB Associados, Sérgio Vale, diz que os preços devem seguir nas alturas. “O auxílio emergencial, mesmo com patamar menor, vai continuar até o fim do ano em R$ 300 e devem ser usados intensamente na alimentação. E não tem muito o que fazer no ponto de vista de produção. Produção agrícola é diferente de industrializados normais. E importar pode ajudar um pouco, mas não adianta. Não é um resultado que vai auxiliar esse processo grande de demanda que a gente está vendo agora”, disse. Representantes do Procon, dos produtores e dos supermercados se reúnem nesta quinta-feira (10) em São Paulo para discutir a alta dos preços. O objetivo é identificar se o aumento é justificável e buscar um compromisso pela redução dos itens básicos.
*Com informações da repórter Nanny Cox