Usada na fabricação de ceras, próteses e aparelhos, a parafina tem se tornado cada vez mais rara no ramo odontológico. Empresários do setor relatam problemas para comprar o produto desde o início da pandemia e alertam que há risco de que clínicas e o mercado fiquem sem o insumo. Fornecedores contatados pela Jovem Pan afirmam que há desabastecimento; a fabricação de parafina no Brasil é monopolizada pela Petrobras. A gerente geral de uma indústria de produtos odontológicos fala das dificuldades em encontrar a matéria-prima; Bianca Zapponi conta que os preços chegaram a dobrar durante a pandemia. “No início da pandemia começou a ser um problema, a gente não compra a parafina direto da Petrobras, é por meio dos distribuidores e os distribuidores começaram a ter problemas para fornecer. A gente tem tentado comprar semanal por causa da falta de parafina, a gente pede uma quantidade e eles entregam uma quantidade bem menor. A parafina 170 estava R$10 e agora ele está vendendo [distribuidor] a R$22″, explica Zapponi.
O diretor-executivo de uma outra empresa de uma empresa de artigos dentários diz que há poucas alternativas para comprar o produto de fornecedores fora do Brasil. Fernando Claro ressalta que os custos de importação são muito altos. “Não tem alternativa. Por ser um monopólio, só tem a Petrobras. Por mais que eles falam que tem no mercado externo, a maioria das indústrias são pequenas e não conseguem fazer uma importação. Se importa, o custo é muito alto.O nosso dilema hoje é abastecer o mercado, a gente tem tentado de ajudar, mas quando tiver a paralisação vai ser geral. Não terá ninguém produzindo “, afirma. Em nota, a Petrobras, responsável por produzir e distribuir a parafina no Brasil, nega o desabastecimento. A estatal afirma que a oferta do produto está dentro do normal e que o mercado brasileiro também recebe importações, já que a empresa não consegue atender todo o mercado.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini