Vítima de distúrbio, campeã olímpica é obrigada a reduzir nível de testosterona e reclama; entenda

Entidade que comanda o atletismo mundial, a World Athletics comemorou a decisão dada na terça-feira, 08, pelo Supremo Tribunal da Suíça que obriga a sul-africana Caster Semenya, bicampeã olímpica dos 800 metros, a seguir as regras criadas para diminuir os altos níveis de testosterona em algumas mulheres. A atleta havia entrado com uma apelação depois que também não teve sucesso em um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês). Com hiperandrogenismo – distúrbio endócrino comum das mulheres em idade reprodutiva caracterizado pelo excesso de testosterona-, Caster Semenya só poderá competir agora em provas internacionais se diminuir a quantidade de hormônio com o uso de medicamentos.

“Nos últimos cinco anos, a World Athletics lutou e defendeu direitos e oportunidades iguais para todas as mulheres em nosso esporte hoje e no futuro. Portanto, saudamos a decisão de hoje (terça-feira) do Supermo Tribunal Federal Suíço de manter nossos Regulamentos DSD (Diferenças de Desenvolvimento Sexual) como um meio legítimo e proporcional de proteger o direito de todas as mulheres atletas de participar de nosso esporte em termos justos e significativos”, informou a entidade em um comunicado oficial. “Estamos comprometidos com a plena participação das mulheres no atletismo, seja como atletas femininas de elite em competições justas e significativas, como meninas desenvolvendo habilidades de vida e esportivas, ou como administradoras ou oficiais. Embora haja muito trabalho a ser feito, estamos na vanguarda desse trabalho, não apenas para o nosso próprio esporte, mas para todos os esportes”, prosseguiu a World Athletics.

Caster Semenya, no entanto, reclamou da atitude da entidade. “Estou muito desapontada com esta decisão, mas me recuso a permitir que a World Athletics me drogue ou me impeça de ser quem eu sou. Excluir atletas do sexo feminino ou colocar nossa saúde em risco apenas por causa de nossas habilidades naturais coloca o atletismo mundial no lado errado da história”, disse Semenya, de 29 anos, que só poderá competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, se tomar a medicação. “Vou continuar a lutar pelos direitos humanos das atletas femininas, tanto dentro como fora das pistas, até que possamos todas correr livres da forma como nascemos. Eu sei o que é certo e farei tudo o que puder para proteger os direitos humanos básicos para as meninas em todos os lugares”, afirmou a atleta.

A World Athletics diz que as regras existem para proteger o esporte feminino, mas um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em julho passado, fez críticas e afirmou “legitimar efetivamente a vigilância de todas as mulheres atletas com base em estereótipos de feminilidade” e “negar aos atletas com variações nas características sexuais um direito igual de participar de esportes e viola o direito à não discriminação de forma mais ampla”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

By Ewerton Souza

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