O Superior Tribunal de Justiça decidiu, na quarta-feira (2), manter o afastamento de Wilson Witzel do governo do Rio de Janeiro. Ele é acusado de participar de esquema de corrupção no estado que desviou recursos públicos que seriam destinados ao combate à Covid-19. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quinta-feira (3), Roberto Podval, advogado de Witzel, explicou os próximos passos para a defesa e reafirmou a inocência de seu cliente. “O processo efetivamente começa agora, nós temos a oportunidade de apresentar a defesa, será a primeira vez que a defesa falará nos autos, não se manifestou até o momento. Apresentaremos e o ministro [Benedito Gonçalves] terá a oportunidade de aceitar ou não a denúncia e poderia, no momento de aceitar, reconduzi-lo ao cargo, existe essa posição do ministro, que já afastou e deu prazo de 180 dias. Em tese, ele pode ouvir a defesa e entender que temos razão.”
O advogado reforçou que os indícios de envolvimento de Witzel deverão ser comprovados e colocou a delação de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do RJ, em dúvida. “Por exemplo, indícios de pagamentos da primeira-dama de 25 mil reais em dinheiro por um ano. O que nós temos de informação é que o dinheiro foi sacado da conta, em quantias menores por funcionários. Tudo tem que ser provado e cabe a nós comprovar que dinheiro foi de saque e depósito. Tudo ficará esclarecido. O que não faz sentido, na minha opinião, o delator ser um secretário com quem foi encontrado 8 milhões em reais, mais de 20 mil euros em Portugal, faz uma delação, do que eu vi, que ainda é sigilosa, não tem nenhuma prova do que fala do governador. Não fala que Witzel faz parte do esquema, recebeu dinheiro, como, onde, quando. Do que eu vi, o governador talvez tenha muitos erros políticos, mas não vi riqueza ali. Buscas do palácio foram desproporcionais. É possível que a delação não chegue a comprovar as alegações. Acreditamos na inocência do governador.”
Sobre Edmar Santos, Podval ainda contou que Witzel não mantinha relação próxima com o secretário. “Politicamente acho que foi um equívoco a readmissão, o que Witzel diz é que até então, ele nunca teve contato pessoal com o secretário até contratá-lo, o conheceu na campanha eleitoral. E por opções políticas acabou escolhendo o mais adequado. Não tinha porque protegê-lo, nem negociação, não havia proximidade. O que tinha era um currículo do secretário, que era impecável. Quando Edmar Santos foi preso, ele chama o secretário para ver as explicações para isso tudo. O governador disse que contratou a empresa a mesma de SP, porque acreditou que havia dado certo. Quando viu que havia problemas, ele afasta o secretário porque entendia que ele não serviria como administrador. Mas os resultados da covid-19 eram bons. Então resolveu colocá-lo em um cargo de gestão, mas tirou a possibilidade de administrador, porque entendia que ele não sabia administrar.”