A manobra que corre no Congresso para permitir a reeleição de Davi Alcolumbre como presidente do Senado – e possivelmente a de Rodrigo Maia à frente da Câmara – fez com que crescesse um movimento de parlamentares contrários à manobra, que não está prevista na Constituição e que pode ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-Sergipe) fez duras críticas à tentativa de Alcolumbre e Maia. “No Senado você tem 80 senadores aptos a eleição para a presidência da casa. O único que não pode concorrer é Davi Alcolumbre, porque a Constituição veda taxativamente, assim como o regimento da Casa. Essa tentativa de jeitinho com amigos ou companheiros não pode prosperar. O Brasil tem que deixar no passado essa república de bananas onde você faz adaptações ou interpretações de textos constitucionais de acordo com interesses políticos. O STF deve atuar no limite da lei, não da política, não faz o menor sentido. O que for necessário e possível de fazer como parlamentar e cidadão vamos fazer.”
Alcolumbre e Maia teriam tido um encontro fora da agenda com Alexandre de Moraes, que é quem julgaria o processo. Para o senador, a reunião deve ser explicada ao povo. “O Brasil é um país, em muitos pontos, do avesso. Maia confirmou o encontro com Moraes, mas negou o teor. Negou ser a eleição, mas o Brasil, que paga seus salários, precisa saber.”
“É muito claro que o STF teria que rasgar a Constituição para agradar a vontade de dois parlamentares, que tem seus méritos, não estamos fazendo julgamento sobre sua conduta, mas o Brasil precisa se acostumar a seguir regras. O Alcolumbre mesmo, na época de campanha, sabia disso. Surpreende que agora mude seu entendimento”, analisou Vieira.
O senador ainda aproveitou para reclamar a respeito dos instrumentos do Senado para coibir determinadas ações do STF: “No sistema do Congresso Nacional, especialmente no Senado, que é a casa julgadora do impeachment dos ministros, coloca o poder de pauta exclusivamente na mão dos presidentes e acontece o engavetamento sucessivo. Isso vira moeda política. Ninguém quer confronto institucional, com o STF, o que queremos deixar claro é que querem rasgar a Constituição para atender a interesse pessoal e o Brasil tem problemas mais sérios do que esse para enfrentar.”