Um levantamento divulgado pelos Correios nesta quarta-feira, 19, indicou que 83% dos empregados continuam trabalhando normalmente, apesar da greve anunciada pela categoria nesta segunda-feira em todo o País. Segundo nota divulgada pela estatal, nas agências, serviços como consulta Limpa Nome Serasa, Achados e Perdidos, e consulta para o auxílio emergencial estão disponíveis à população. A postagem de cartas e encomendas, inclusive SEDEX e PAC, continua sendo realizada e as entregas estão ocorrendo em todos os municípios. Ontem, os Correios divulgaram o mesmo índice de adesão à greve, o que foi questionado à Jovem Pan por Emerson Marinho, secretário de comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect). “Uma pesquisa entre os setores operacionais e a área administrativa informa que de 67% a 70% das unidades aderiram a paralisação“, informou.
Para minimizar os impactos à população, diante a paralisação parcial dos empregados, a empresa reiterou que já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas. Além disso, os índices de qualidade estão sendo monitorados e a empresa está atuando para reforçar o fluxo de entregas.
Reivindicações da categoria
Entre as reivindicações do grupo grevista está o restabelecimento de direitos que vêm sendo cortados pelos Correios desde o dia 1º de agosto. Segundo Emerson, o período de 2 horas por dia para mães amamentarem seus filhos foi cortado, mas o que mais mexeu com o grupo foi o corte no auxílio para filhos de empregados com necessidades especiais, como paralisia infantil ou alguma outra doença grave, que era de R$ 1 mil. Outra reivindicação é sobre a negligência dos Correios durante a pandemia. Em nota, os Correios anunciaram que adotaram medidas contra a Covid-19 para a proteção dos funcionários, entre elas, afastar quem era do grupo de risco, mas Emerson alega que essas decisões só foram estabelecidas depois que o sindicato e a Fentect entraram na Justiça.
De acordo com a empresa, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período — dez vezes o lucro obtido em 2019. “Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”, disse em nota. “A proposta da empresa, que tem respaldo da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como das diretrizes do Ministério da Economia, não retira nenhum direitos dos empregados. Apenas promove adequações aos benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado”, continuou.
Os Correios afirmam que os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade; tíquetes refeição e alimentação, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês; e os respectivos adicionais aos empregados das áreas de distribuição/coleta, tratamento e atendimento. “Os vencimentos também seguem resguardados, conforme contracheques que comprovam tais afirmações. A título de comparação, a diferença entre os contracheques do mês de julho, antes do ajuste dos benefícios, e de agosto, quando foram aplicados os novos valores, foi de menos de R$ 50,00, para 94% dos empregados”, argumentou a empresa.
“Os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos. É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil”, finalizou em nota.